“A construção do IB-S foi marcante”

30-11-2023 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

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Raúl Soares concorreu à UMinho após ver um anúncio no jornal. Entrou em 1990 para o Gabinete das Instalações Definitivas. É coordenador técnico nos Serviços de Gestão de Campi e Infraestruturas.




A oportunidade de trabalhar na Universidade do Minho surgiu-lhe na página de um jornal.
É verdade! Nasci há 60 anos em Braga e trabalhei numa empresa como técnico de manutenção eletromecânico. Vi então um anúncio no "Diário do Minho" para recrutamento de um técnico na área da eletricidade e energia. Isso correspondia ao meu perfil e candidatei-me. Fui chamado para uma entrevista na UMinho com o professor Carlos Bernardo, então pró-reitor e diretor do Gabinete das Instalações Definitivas (GID), e o sr. Nelson Almeida, técnico do Departamento de Eletrónica Industrial. Passados três meses, em abril de 1990, comecei a trabalhar no GID, cujas instalações eram no edifício do Pacinho, quase em frente ao Largo do Paço, no centro de Braga.
 
Que funções lhe foram atribuídas inicialmente?
Fiquei responsável pela fiscalização de empreitadas na área de Instalações Elétricas e dos Sistemas Centralizados de Ar Condicionado (AVAC). Por essa altura, estavam em construção a Central Térmica 1 e o edifício da agora Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas (ELACH), ambos no campus de Gualtar e, juntamente com o professor Carlos Bernardo, o sr. Nelson e o eng. Pinheiro Braga, acompanhámos e fiscalizámos as obras. Foram tempos muito intensos e, ao mesmo tempo, desafiantes. O campus estava no seu início, só existia o Complexo Pedagógico I.

Como foi o seu percurso profissional desde então e que funções foi desempenhando?
Estive no GID até 1996, depois transitei para os Serviços Técnicos, onde trabalhei até 2015, com os engenheiros Pinheiro Braga, Vera Martins e Helena Campos. Desempenhei funções de fiscalização de empreitadas, coordenação da manutenção na área das instalações elétricas, de sistemas automáticos de deteção de incêndios (SADI) e de elevadores. Integrei equipas dos Serviços Técnicos destinadas à elaboração de projetos e planos técnicos para pequenas obras a construir na UMinho. Também fiz parte de equipas internas de acompanhamento dos projetos das empreitadas dos edifícios construídos no campus. Entre 2013 e 2015, acumulei ainda a gestão do contrato entre a UMinho e a empresa de segurança Prosegur. Em 2015, com a restruturação dos Serviços Técnicos e a criação de duas Divisões, fiquei afeto à Divisão de Conservação e Manutenção, na coordenação da manutenção de instalações elétricas e elevadores, sob a direção do eng. José Fernandes, então administrador da UMinho. Desde 2018, trabalho na Unidade de Serviços de Gestão de Campi e Infraestruturas (USGCI).
 

Acompanhou o crescimento da academia

O que o marcou mais ao longo deste percurso?
Fico satisfeito por ter acompanhado o crescimento do edificado da UMinho e por ter conhecido e trabalhado com pessoas que contribuíram para que esta universidade crescesse e se tornasse numa referência nacional e internacional.
 
Que pessoas mais contribuíram para o seu percurso profissional?
O professor Carlos Bernardo é uma grande referência, pela exigência, verticalidade e pontualidade que colocava em todas as tarefas que delegava. Por outro lado, também era uma pessoa muito disponível e contribuía com tudo o que podia para o que dependesse dele. Também me marcou o eng. Pinheiro Braga, pela postura próxima com a sua equipa e pelo conhecimento técnico que detinha, incentivando todos a evoluírem e a aplicar no dia a dia as ferramentas que adquiriam, para o bem da UMinho. Decidi frequentar várias formações na área da Energia (Eficiência, Monitorização, Sistemas de Gestão, Auditorias), Desenho Técnico, Sistemas Fotovoltaicos, Gestão de Iluminação Pública, Luminotecnia, Segurança contra Riscos de Incendio em Edifícios, entre outros, procurando melhorar as minhas capacidades e conhecimentos. Estou também inscrito na Direção-Geral de Energia e Geologia como técnico responsável de instalações elétricas de serviço particular de nível II. Portanto, ambos eram extraordinários, sempre prontos para ajudar os outros, mesmo nas dificuldades pessoais. Refiro ainda o professor José Manuel Vieira, que deu igualmente um contributo enorme para o crescimento e o desenvolvimento da UMinho.
 
Que funções desempenha atualmente?
São essencialmente de coordenação da manutenção na área de instalações elétricas e elevadores. Participo também na fiscalização de empreitadas e de pequenas obras e elaboro especificações técnicas para pequenas obras a construir nesta academia.
 
Gosta do que faz?
Gosto da diversidade de funções e das tarefas administrativas e técnicas que desempenho, seja trabalho de secretária e gabinete, seja no terreno, nomeadamente nos edifícios dos campi. Os maiores desafios são motivar-me diariamente e motivar os técnicos que dependem da minha coordenação.
 
Qual foi a obra da UMinho cuja construção mais o marcou?
O edifício do IB-S - Instituto de Ciência e Inovação para a Bio-Sustentabilidade, no campus de Gualtar. A arquitetura é completamente diferente, ousada e de vanguarda. Tem implementadas algumas tecnologias de sustentabilidade ao nível de gestão técnica centralizada, regulação do fluxo luminoso interior (que depende do horário do dia e da luminosidade exterior) e iluminação led.
 
Na sua opinião, como podem ser otimizadas e potenciadas as edificações da UMinho?
As edificações da UMinho poderiam ser melhoradas em termos de sustentabilidade energética, através da implementação de novas tecnologias de produção de energia fotovoltaicas e de tecnologias de iluminação led. Entendo também que na reparação das fachadas dos edifícios se poderia (deveria) utilizar materiais aliados à sustentabilidade e inovação. Estes poderiam ser alguns dos passos a dar para poder também incutir na comunidade académica a prática de hábitos de sustentabilidade e de poupança energética.



  Algumas notas

  Na gaveta da minha secretária guardo memórias passadas.
  Quando chego a casa, gosto de descansar e ver as notícias nacionais e internacionais.
  Considero-me uma pessoa exigente, honesta e amiga dos que me são próximos.
  Penso que os outros me acham da mesma forma.
  Num jantar, em família, não dispenso boa disposição, um bom vinho do Douro e pratos típicos portugueses.
  Detesto que haja hipocrisia entre colegas de trabalho.
  Ao fim de semana, gosto de passear/viajar com a família.
  Nada me fará esquecer o momento em que nasceram os meus filhos.
  Gostava muito que amanhã fosse o início de mudança do paradigma da política em Portugal.
  À sombra de uma árvore, leria “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel Garcia Marquez.
  Sonho diariamente com a felicidade dos meus filhos e do meu neto.
  O meu dia não acaba sem dar um beijo ao meu neto.
  A UMinho é uma referência internacional no ensino e na investigação e a casa que me fez crescer profissionalmente.