Homem de causas
O que sucedeu à Unidade Vimaranense?
Esteve ligada a outras questões, como a implantação de espaços industriais pela tutela, que Braga teria e Guimarães não. Tal como no caso da UMinho, criou-se depois um espaço dedicado em cada concelho. Entretanto, a Unidade Vimaranense deixou de ter vida. As pessoas envolvidas ligaram-se à fundação de partidos das mais diversas áreas. E o 25 de Abril veio resolver muitos dos problemas que se punham na altura da representatividade e até do risco que era de conquistar essas instituições. Não sofremos consequências graves, porque já havia uma abertura da sociedade e, no caso da UMinho, até do próprio ministro Veiga Simão, que veio do ultramar. Tinha sido reitor da Universidade de Lourenço Marques [Moçambique], onde “começou a ser preparada” a UMinho, pois de lá também vieram muitos professores com os quais lidei, como Lloyd Braga e Carlos Bernardo, que tiveram em mim um “braço direito”.
Teve ligação a várias associações cívicas.
Sim, faz parte procurar o equilíbrio, fazer chegar as coisas aos órgãos próprios, estar ao lado da população. Fui para a Câmara Municipal numa altura complicada, já existiam os partidos. Eu não era filiado e tinha recusado um convite. Geria a produção da empresa, uma atividade pesada – e livre de mim em pensar abandoná-la. No verão de 1979, Ribeiro da Silva telefonou para eu interromper as férias no Algarve, pois queriam falar comigo de um assunto urgente. Eram 9 horas de viagem e adiei. Quando voltei, ao descarregar as coisas, várias pessoas vinham dar-me os parabéns. Perguntei porquê. Afinal, eu seria candidato à Câmara Municipal pelo PSD e nem sabia! Não consegui recusar, seria muito complicado para as pessoas envolvidas. Na política, ou se é ou não é. Isto mudou a minha vida. Por exemplo, na empresa eu estava habituado a ditar as regras, mas na área pública é muito diferente, eu não tinha experiência e as regras eram as aprovadas pela Assembleia da República. Ainda assim, o percurso foi positivo e, pensando nas causas e instituições por onde passei, sinto-me realizado.
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