“Comecei a trabalhar no primeiro mestrado da EEG”

28-03-2024 | Paula Mesquita

Maria José Lage começou a trabalhar na Escola de Economia e Gestão da UMinho, onde ainda exerce funções, em 1991

Prestou inicialmente apoio administrativo ao primeiro curso de mestrado da EEG e a dois cursos de pós-graduação

“Tinha um computador moderno, um Macintosh, cujo rato não conseguia dominar, mas adaptei-me rápido!”, recorda-se

A par das suas funções, também foi representante dos funcionários nos Conselhos de Gestão e de Escola da EEG

No trabalho, gosta de contactar com pessoas de diferentes partes do mundo e nos tempos livres escreve poesia

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Maria José Lage

Nasceu em Chaves, em 1967. O concurso para uma vaga na UMinho trouxe-a, aos 24 anos, para Braga. Por cá, todo o seu percurso está ligado à Escola de Economia e Gestão (EEG). Diríamos que parecem “unha com carne”.


A Universidade do Minho não foi o seu primeiro emprego. O que a fez mudar?
Trabalhei cinco anos em duas empresas de pequena dimensão. A última delas atravessava algumas dificuldades financeiras, que me faziam temer o futuro. Esta instabilidade levou-me a concorrer para outras empresas e instituições públicas. Em simultâneo, e porque queria enriquecer o meu currículo e o meu percurso, candidatei-me ao ensino superior. Entrei na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, na licenciatura em Educação Básica.
 
Pouco depois, ficou colocada numa das vagas a que se tinha candidatado.
Sim, a vinda para a Universidade do Minho foi o resultado de um desses concursos. Em 1991, comecei a trabalhar na Escola de Economia e Gestão, como contratada. Nessa altura, pedi também transferência para a UMinho, para a licenciatura em Relações Internacionais, Culturais e Políticas, que, por vicissitudes da vida, não cheguei a terminar.
 
Quais foram as suas primeiras funções?
Comecei a trabalhar com o único mestrado em Estudos Europeus, o único da Escola nessa altura, e dois cursos de pós-graduação: Gestão de Empresas e Instituições de Ensino Superior. Todos eram financiados pelo PRODEP.
 
Como foram os primeiros tempos e que memórias guarda?
Os primeiros tempos de trabalho foram divertidos, estava habituada a trabalhar com máquinas de escrever muito antigas, de teclados fora de moda e muito duros. Cheguei à EEG e tinha um computador moderno, um Macintosh, cujo rato não conseguia dominar e que fugia para todos os lados [sorriso], mas adaptei-me rapidamente.
 
Como foi o seu percurso pela UMinho, desde então?
O gabinete de pós-graduações da Escola foi crescendo. Os dois cursos de pós-graduação foram extintos e substituídos por cursos de mestrado que não paravam de aumentar, fazendo também crescer o número de estudantes. Ao fim de 13 anos, pedi para mudar de funções. Senti necessidade de aprender outras tarefas. Nessa altura, passei para o então Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública, onde cada área tinha uma secção. Prestei apoio administrativo às licenciaturas em Relações Internacionais e Administração Pública, integrei o Gabinete de Comunicação, quando estava a dar os primeiros passos, nomeadamente na manutenção da página de internet da EEG, e secretariei o Conselho de Escola. Enfim, tentei sempre saber um pouco de cada assunto. Mais tarde, apareceram os programas doutorais e passei a trabalhar com esses cursos. Durante este percurso, fui também representante dos funcionários da EEG no Conselho de Gestão e no Conselho de Escola.
 
O que gosta mais no seu dia-a-dia?
Confesso que gosto do que faço, particularmente de poder contactar com pessoas de diferentes partes do mundo e, naturalmente, de diferentes culturas. É realmente enriquecedor e desafiante.
 
O que a marcou mais ao longo do seu percurso profissional?
O crescimento da Universidade. Quando comecei a trabalhar aqui, todos os funcionários do campus de Gualtar se conheciam. Hoje, para além de conhecer apenas uma pequena percentagem de pessoas que trabalha na Universidade do Minho, passo anos sem ver colegas mais antigos que trabalham noutros edifícios. Felizmente, a Universidade não para de crescer e de se impor.
 

A paixão pela poesia

Sabemos que gosta de escrever. Em que registo se expressa?
Gosto de escrever poesia. Entendo-a como uma tentativa de jogar com as palavras, ser percetível sem o ser, encontrar-me comigo, expor sem ser óbvia.
 
Partilhe um dos seus poemas.
“Metades
Porque tudo em mim são metades?
Metades que desgastam,
Metades que anseio em dobro,
Sonhos que ficam pelo meio,
Caminhos que não têm fim...
Viro e reviro todo o meu ser,
Mas, serei eu metade?
Metade de tudo, o dobro no sentir!
Esse que devia ser metade é do tamanho do mundo
E dói,
Doem e dilaceram as metades de mim,
São tantas as metades....
Um dia serei inteira,
Sentirei pela metade e terei em dobro,
Dobro do que desejo,
Metade do que sinto.
Então serei inteira!
Tão inteira como a lua cheia,
A que encontra as suas metades e brilha!
Um brilho que jamais qualquer metade conseguirá apagar!”
(Alice)
 
É um pseudónimo?
Sim. Uso-o habitualmente em homenagem a alguém que muito representa na minha vida.
 
 

  Gostos e traços pessoais
 
  Uma música. Tantas.... destaco “Angie”, dos Rolling Stones.
  Uma figura. Martin Luther King e a sua frase “I have a dream”.
  Um passatempo. Caminhar junto a cursos de água.
  Um prato. Eu gosto de comer! É complicado escolher entre uma mariscada, um leitão à bairrada ou um cozido
  à transmontana...
  Uma viagem. Amesterdão. Foi marcante, pela diversidade cultural.
  Um momento. Deitar-me no chão e ouvir apenas sons da natureza.
  Um vício. O cigarro.
  Um defeito. A teimosia.
  Um sonho. Ter uma casinha num alto, virada para o mar.
  Um lema. Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti.
  A UMinho. Conhecimento, ação, trabalho, sustento e diversidade.