"As experiências internacionais influenciam a nossa evolução pessoal e profissional”

30-06-2024 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

O seu percurso profissional na UMinho iniciou-se em 2000, com um estágio no então Gabinete de Relações Internacionais

Formou-se em Relações Internacionais e, nas suas primeiras funções, fez a divulgação de oportunidades de mobilidade internacional

Em 2008, foi uma das primeiras técnicas de administração e gestão (TAG) da UMinho a fazer uma mobilidade com bolsa Erasmus+

As experiências internacionais ajudam "no nosso desenvolvimento e a combater ideias pré-concebidas e estereótipos”, considera

Após 17 anos a trabalhar na área da internacionalização, iniciou uma nota etapa profissional, no Setor das Propinas da UMinho

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Sandra Dias Moreira

Nasceu em Esposende há 46 anos. Fez Relações Internacionais na UMinho e concorreu a um estágio no Gabinete de Relações Internacionais, onde acabou por ficar. Foi das nossas primeiras técnicas em mobilidade Erasmus+, em 2008, na Universidade do Chipre. Desde 2017, trabalha na Unidade de Serviços Financeiro e Patrimonial.


Como se concretizou a sua vinda para a UMinho? 
A minha vinda para a UMinho resultou de uma candidatura espontânea para a realização de um estágio no então Gabinete de Relações Internacionais (GRI), na altura dirigido pela pró-reitora e professora Minoo Farhangmer. Eu tinha terminado a licenciatura em Relações Internacionais, no ramo de Relações Culturais e Políticas, queria muito iniciar uma atividade profissional na minha área de formação. Felizmente, a candidatura foi bem-sucedida e iniciei o estágio no GRI, em maio de 2000.
 
Quais foram as suas primeiras funções?
O GRI funcionava na altura na vivenda Sameiro, no campus de Gualtar, em Braga. As tarefas que comecei por desempenhar estavam relacionadas com a divulgação de oportunidades de mobilidade internacional, sobretudo cursos de curta duração e Summer Schools, a revisão/atualização de diversos suportes comunicacionais dirigidos aos estudantes da UMinho (nomeadamente o Guia do Estudante Socrates/Erasmus) e a gestão documental da biblioteca do GRI, num tempo em que a informação era disponibilizada maioritariamente em papel.
 
O que sentiu nos primeiros tempos de trabalho? 
Senti uma enorme responsabilidade por estar integrada numa instituição com a dimensão da UMinho e uma vontade de incrementar o meu conhecimento e de corresponder aos desafios que me eram colocados. Os primeiros anos foram de intensa aprendizagem e sou muito grata a todos os dirigentes e colegas pelos ensinamentos que tiveram a generosidade de partilhar comigo, mas também aos coordenadores Erasmus e estudantes com quem interagi. Em particular, não posso deixar de referir a dra. Adriana Lago de Carvalho, que sempre coordenou e dirigiu o meu trabalho. Foi-me incutido um sentido de serviço e de elevado rigor profissional que potenciou o meu crescimento e que muito contribuiu para a profissional que hoje sou.
 
Que outras funções foi assumindo?
A estrutura do GRI foi crescendo e passou a ser um Serviço (Serviço de Relações Internacionais), adaptando-se à evolução que se registava na internacionalização do ensino. As minhas funções, de uma forma muito genérica, consistiam no apoio à implementação e acompanhamento do Contrato Institucional Erasmus+ e dos Acordos Genéricos de Cooperação - concretamente, todos os procedimentos inerentes à mobilidade de estudantes e de pessoal docente e não-docente (INcoming e OUTgoing) -, apoio técnico aos diversos projetos de cooperação académica (Erasmus+ e Erasmus Mundus – Ação 2), participação na gestão das plataformas online da Comissão Europeia associadas ao Programa Erasmus+ e apoio transversal à execução e desenvolvimento das atividades da responsabilidade dos Serviços de Relações Internacionais.
 
Foram estas funções que a levaram a ingressar no mestrado em Políticas Comunitárias e Cooperação Territorial?
Não só, mas também. Sempre acreditei na importância da formação académica, para além da chamada aprendizagem ao longo da vida, pela necessidade de reforçarmos os nossos conhecimentos e para aumentarmos as nossas competências e aptidões. Isso é válido na minha vida pessoal, como na carreira profissional. Os constantes desafios que me eram colocados no Serviço de Relações Internacionais, a que se somava a necessidade permanente de atualização relativamente a matérias ligadas ao funcionamento das instituições europeias e à gestão dos programas comunitários, despertaram a minha curiosidade e a procura de maior conhecimento. O mestrado concretizou esses objetivos e conferiu-me a oportunidade de apreender os ensinamentos de vários docentes de referência das universidades do Minho e de Vigo. No âmbito da tese, pude ainda estudar um dos grandes desafios do mundo atual - a fuga de cérebros e, particularmente, a integração dos investigadores estrangeiros em Portugal. 


Em mobilidade, somos também embaixadores da nossa academia e do país

 
Foi uma das primeiras técnicas de administração e gestão (TAG) da UMinho a realizar uma mobilidade com bolsa Erasmus+, que se concretizou em 2008. Como foi a experiência?
A escolha da Universidade do Chipre derivou do contexto da própria candidatura, pois a mobilidade foi realizada no âmbito do Grupo Santander de Universidades, do qual ambas as instituições (UMinho e UChipre) eram membros. Os objetivos da mobilidade consistiam em obter formação na minha área de atividade, através da observação e da partilha de experiências e boas práticas. Durante uma semana frequentei o Serviço de Relações Internacionais daquela academia cipriota. Pude acompanhar todas as tarefas relacionadas com a mobilidade de estudantes e docentes no contexto do Programa Erasmus e de outros enquadramentos de mobilidade internacional. Tive ainda reuniões breves com outros serviços para ficar a conhecer melhor aquela instituição. Além da inegável relevância profissional, esta experiência contribuiu para o meu desenvolvimento pessoal, pois permitiu-me o contacto direto com uma nova língua (foi um desafio usar um teclado de computador adaptado à língua grega) e a descoberta de património histórico e cultural singulares.
 
Qual é a sua opinião sobre estas experiências internacionais?
São extremamente enriquecedoras e contribuem para o desenvolvimento das nossas competências globais e interculturais através do contacto com realidades de diferentes países. Aprendi muito com elas e sinto que moldaram a perceção que tinha sobre a minha atividade e o ambiente que me rodeia. Diferentes culturas produzem invariavelmente diferentes hábitos, mas é fundamental sublinhar o espírito de cooperação que está na base destas ações. Nas semanas internacionais e ações de job-shadowing em que participei, tive a oportunidade de conhecer melhor o funcionamento das universidades parceiras e o seu modelo organizacional, além do contexto sociocultural em que estão inseridas. Durante uma semana é-nos dada a possibilidade de integrar o serviço local e acompanhar o seu dia-a-dia, observar a resposta dada às necessidades da comunidade académica, discutir e compreender as nossas próprias diferenças, desigualdades, perceções e fronteiras/limites.
 
Considera que moldam o nosso pensamento e a forma de trabalhar?
As experiências de internacionalização incentivam sempre novas formas de pensar e fomentam conhecimentos que nos permitem compreender e agir sobre questões de importância global, sendo determinantes para o nosso desenvolvimento e para mudar ideias pré-concebidas ou combater estereótipos. Por outro lado, e não menos relevante, estas mobilidades dão-nos a possibilidade de partilhar, com quem nos acolhe, o nosso conhecimento e os modelos e práticas adotados na UMinho. Devemos ter presente que durante o período em que visitamos as instituições parceiras somos embaixadores da UMinho e que a nossa ação é preponderante para transmitir uma boa imagem da instituição e para impulsionar novas formas de cooperação, além de divulgar a sua oferta formativa e de investigação. Aconselho, por isso, vivamente a participação nestas experiências e reforço o seu papel diferenciador na nossa evolução pessoal e profissional. 
 
Depois de 17 anos ligada às questões da internacionalização, mudou o seu percurso profissional dentro da UMinho. 
Em janeiro de 2017 iniciei uma nova etapa, no Setor de Propinas, na altura estava afeto ao Gabinete do Administrador e atualmente está integrado na Unidade de Serviços Financeiro e Patrimonial (USFP). Fui muito bem acolhida por todos e conheci pessoas excecionais! Neste serviço, tenho desempenhado funções numa área distinta e cujas tarefas vão desde a parametrização da propina anual de todos os ciclos de estudo, à gestão da conta corrente dos estudantes, levantamento e execução das disposições financeiras aplicáveis ao tratamento da propina de programas conjuntos, atribuição de perfis diferenciados de propina no âmbito dos diversos contextos de cooperação com entidades externas, produção de indicadores e relatórios internos, entre outras.
 
O que a marcou mais ao longo do seu percurso profissional?
Existe uma faceta desta instituição que sempre marcou o meu percurso: as relações humanas. Tenho tido a sorte de trabalhar e contactar com excelentes profissionais, não só nos serviços que tenho integrado, mas também na interação com toda a comunidade da UMinho. Aprendi muito com todos eles e o seu talento e contributo diário faz-me acreditar no futuro desta instituição.



 

  Sandra Moreira sob outras perspetivas
 
  Uma música. A composição musical “Carmina Burana”, de Carl Orff.
  Uma figura. Duas: os meus pais, por me terem permitido cumprir o sonho de estudar.
  Um passatempo. Ver filmes e séries.
  Um prato. A sopa de feijão da minha avó [sorriso].
  Uma viagem. Paris.
  Um momento. O meu casamento.
  Um vício. Não é um vício, mas uma mania… a das limpezas!
  Um defeito. Além de outros, a teimosia.
  Um sonho. Um mundo melhor.
  Um lema. "Veritas lux mea" [A verdade é a minha luz].
  A UMinho. Onde aprendo a crescer.