Entrevista a Veiga Simão, o ministro que criou a UMinho

17-02-2014 | Pedro Costa

Veiga Simão conversou com o reitor da UMinho em Lisboa

Foi reitor da Universdade de Lourenço Marques, ministro da Educação, da Defesa, da Indústria e Energia e embaixador de Portugal na ONU

No seu doutoramento honoris causa pela UMinho, em 1994, perante o reitor Sérgio Machado dos Santos

A UMinho atribuiu o grau honoris causa a José Veiga Simão em 1994

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Por altura do 40º aniversário da UMinho, o reitor António M. Cunha entrevistou o mentor das "novas" universidades portuguesas, fundadas a partir da reforma de 1973.




José Veiga Simão nasceu na Guarda há 85 anos. Licenciou-se em Físico-Químicas em Coimbra e doutorou-se em Física Nuclear em Cambridge, em 1951. Nos anos 60 foi fundador e reitor da Universidade de Lourenço Marques, em Moçambique, onde esteve até regressar em 1970 para assumir a função de ministro da Educação Nacional. Foi embaixador na ONU (1974-75), ministro da Indústria e Energia (1983-85) e ministro da Defesa Nacional (1997-1999). Mas foi na pasta da Educação, antes do 25 de abril de 1974, que deixou a sua marca reformista.
 
As atuais universidades do Minho, Aveiro, Nova de Lisboa e Évora nasceram do Decreto-Lei nº402/73, no plano de reforma do ensino pensado pelo estadista, no Governo de Marcelo Caetano. O processo mais tarde titulado por “Reforma Veiga Simão” foi alvo de resistências, que contrariavam os anseios do meio académico e o ímpeto reformista do físico, entretanto especializado em gestão do ensino superior. As diversas vicissitudes motivariam o pedido de demissão de Veiga Simão, mas após avanços e recuos a materialização do plano aconteceria ainda antes da Revolução dos Cravos.
 
Após 40 anos, com as “novas universidades” a assinalar a efeméride, José Veiga Simão respondeu a algumas questões colocadas pelo atual reitor da UMinho. A recuperação das memórias, com as dificuldades surgidas na bipolarização da academia minhota e as forças de resistência, fizeram parte da conversa. No entanto, o espírito visionário de Veiga Simão manifesta-se nesta entrevista, seja quando critica a falta de estratégia dos Governos portugueses, seja na observação atenta das suas “filhas prediletas” e das regiões em que se inserem. No fecho da entrevista, deixa um conselho ao Minho e à sua comunidade académica.