Projetar o bem-estar e a cidadania das crianças em creches

18-11-2016 | Catarina Dias

Portugal tem cerca de 30% das crianças até aos três em creches (fonte: conselhosdemae.com.br)

O livro "Juntos... Pela Criança na Creche" foi apresentado no auditório do IE-UMinho em julho frente a dezenas de especialistas da área

A coordenação científica da obra esteve a cargo de Teresa Sarmento, do Centro de Investigação em Estudos da Criança

Além de Teresa Sarmento, a sessão de lançamento contou com Fernando Nogueira, Lino Maia, Almerindo Afonso e José Augusto Pacheco

A obra inclui 180 páginas de reflexões e exemplos de sucesso

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Livro de boas práticas visa promover a felicidade dos mais pequenos em contexto de creche. Portugal tem cerca de 30% das crianças até aos três anos em creches.




Foi recentemente apresentado na Universidade do Minho, em Braga, um livro de boas práticas para promover o bem-estar das crianças em creches e conciliar a vida familiar e profissional do agregado familiar. Coordenada por Teresa Sarmento, professora do Instituto de Educação da UMinho, a obra “Juntos… Pela Criança na Creche” sugere mais interação entre pais, crianças e profissionais, maior disponibilidade dos educadores de infância, bem como a realização de atividades baseadas no conhecimento e no interesse dos mais novos. Portugal tem cerca de 30% das crianças até aos três em creches.
 
A publicação pretende servir de inspiração para práticas conciliadoras da vida das crianças em creches e destas instituições com a dinâmica familiar. São mais de 180 páginas com reflexões e exemplos de sucesso apresentados por nove educadoras de infância e uma psicóloga, com vasta experiência na área, selecionadas pela UMinho e pela Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), que editou a obra.
 
Entre os exemplos de boas práticas estão a promoção de um trabalho colaborativo entre os profissionais da instituição, com o objetivo de reforçar os princípios de participação e reconhecimento dos direitos das crianças, o desenvolvimento de projetos que potenciem de forma dinâmica a aprendizagem dos mais pequenos, envolvendo pais e educadores, a realização de workshops sobre saúde, alimentação, desporto ou animação e a exibição de fotografias e outros registos de atividades em placards que documentem a vida que acontece nas creches. As autoras defendem ainda uma maior participação dos pais nos órgãos internos das instituições ou até a realização de uma entrevista aquando da inscrição da criança, para se iniciar um processo de cooperação baseado no conhecimento dos mais novos. 
 
“Apesar de as creches terem surgido para colmatar a necessidade de acompanhamento dos mais pequenos, a verdade é que rapidamente se transpôs esta função assistencialista para se reconhecer o seu valor educativo”, afirma Teresa Sarmento, do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC) da UMinho. Estas respostas sociais visam, assim, estabelecer a conciliação da vida familiar e profissional das famílias, colaborar com os encarregados de educação no processo de desenvolvimento da criança, assegurar um atendimento seguro, afetivo e personalizado em função das necessidades e das potencialidades de cada um, bem como prevenir e despistar precocemente qualquer inadaptação ou situação de risco, garantindo a oportunidade de cada criança se fazer ouvir. 

 
Uma obra “indispensável” para pais e profissionais
 
Disponível em todas as IPSS - Instituições Particulares de Solidariedade Social, o livro é destinado não só aos profissionais da área, mas também aos pais e outros educadores. “Trata-se de uma leitura indispensável para quem não vê a creche como um ‘armazém’ onde se guardam crianças, mas sim um espaço educativo onde vivem, felizes e com conforto, estes pequenos cidadãos”, conclui Teresa Sarmento.
 
O lançamento deste projeto teve lugar no Instituto de Educação da UMinho em julho. Contou com as intervenções de Fernando Nogueira, ex-ministro da Justiça e atual presidente da Fundação Millennium BCP, Almerindo Afonso, diretor do Departamento de Ciências Sociais da Educação da UMinho e presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, e Lino Maia, presidente do CNIS. Além da docente da UMinho, a obra inclui as contribuições de Ana Daniela Oliveira, Carina Miranda, Daniela Damas, Daniela Silva, Isabel Pereira, Marisa Freitas, Marta Fernandes, Marta Oliveira, Sandra Silva e Patrícia Bessa.