“O interesse pelas novas tecnologias permitiu a minha evolução profissional”

18-11-2016 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

Jorge Barrote tem 55 anos e trabalha na UMinho desde 1986, sempre ligado à Escola de Economia e Gestão

Apesar de ter começado a trabalhar como administrativo, o interesse pelas novas tecnologias permitiu-lhe uma formação específica no INA e a mudança para a carreira informática

Trabalhou 13 anos no Departamento de Economia da EEG e está atualmente afeto à presidência da Escola

"Apesar dos meus 30 anos dedicados à universidade, sei que ainda posso dar muito mais”, afirma

No átrio da Escola de Economia e Gestão da UMinho, no campus de Gualtar, em Braga

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Jorge Barrote

Nasceu em São Vicente, Braga, há 55 anos. Começou a trabalhar em 1986 no Centro de Estudos de Relações Internacionais como escriturário datilógrafo de 2ª. Nessa altura vieram também as primeiras máquinas de escrever eletrónicas. Essas “máquinas revolucionárias” contagiaram-no e levaram-no a formar-se em Informática, uma área que desempenha atualmente na EEG.



Quando começou a trabalhar na Universidade do Minho?
O meu primeiro dia na UMinho foi a 6 de janeiro de 1986. Vim através de um concurso que tinha aberto dois anos antes. Aliás, candidatei-me a dois, sendo que o outro era para uma vaga na Escola Secundária Carlos Amarante e cujo resultado favorável saiu bem mais cedo. Contactaram-me da UMinho para saber se eu continuava interessado, que o concurso tinha uns problemas burocráticos e ainda iria demorar. Já eu trabalhava há 14 meses na Carlos Amarante, quando recebo uma notificação a dizer-me que tinha sido selecionado no concurso e que, em caso de interesse, deveria apresentar-me na UMinho a 6 de janeiro. E vim, claro!
 
Como foi o seu percurso pela UMinho desde então?
Durante três meses, fiz um estágio que passava por vários serviços da UMinho, que naquela altura ainda funcionavam no Largo do Paço: Serviços Académicos, Secção de Pessoal (hoje Direção de Recursos Humanos), Contabilidade, Tesouraria e Reprografia. Hoje sinto muito orgulho por ter feito este estágio, permitiu-me conhecer os próprios serviços e a forma de funcionamento interno e trabalhar com muitas pessoas, parte das quais ainda amigas e próximas. No final desse período, foi-me proposto trabalho na Unidade de Economia e Gestão (UEG), que funcionava no edifício da Rua do Castelo. Fui para o Centro de Estudos do Curso de Relações Internacionais (CECRI) como escriturário datilógrafo de 2ª. Cabia-me gerir todo o acervo de publicações periódicas que a UEG adquiria, preencher e compilar todas as fichas correspondentes e que eram depois utilizadas na pesquisa bibliográfica. Mais tarde, passei para o Departamento de Gestão da Escola de Economia e Gestão. Durante 13 anos desempenhei ali funções administrativas e de apoio informático, as quais ainda exerço. Atualmente, estou ligado à presidência da Escola e para além do apoio técnico em informática, presto também apoio aos eventos da EEG, nomeadamente na cobertura fotográfica e na sonoplastia.
 
A evolução tecnológica provocou mudanças na sua carreira profissional.
Nos meus primeiros tempos na UMinho, começaram a surgir também as máquinas de escrever elétricas e com memória. Para acompanhar a evolução, frequentei um curso de formação para utilização destes equipamentos, que àquela época eram revolucionários. Posso dizer que foi a partir desta altura que as tecnologias me chamaram a atenção, mas também devo em muito este despertar de interesse ao sr. António Falcão! Ele gostava de estar sempre à frente, de acompanhar as evoluções na área das novas tecnologias e isso contagiava a todos quantos trabalhassem perto dele! Estava constantemente a convocar funcionários para formações ligadas às novas tecnologias. Foi talvez o responsável pela minha mudança para a carreira informática.
 
Como conseguiu a mudança para a carreira informática?
O meu interesse pelos avanços tecnológicos manteve-se e com a vinda dos primeiros computadores para a UMinho fiz os possíveis para acompanhar e tirar o melhor partido deles e assumi-los sempre como uma ferramenta importante nas tarefas que me estavam confiadas. Graças a isso, fiz um curso de especialização no INA - Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas, em Lisboa. Obtendo o devido aproveitamento, mudaria de carreira. Atualmente sou técnico de informática adjunto de nível 3.
 
Entrou nos primeiros anos letivos da história da UMinho. Como era a universidade na altura?
Só quando fui trabalhar para a UEG é que me envolvi no ambiente estudantil e académico. Havia muita familiaridade entre alunos, docentes e funcionários. Talvez por serem ainda poucas pessoas. Foram tempos de grande camaradagem, em que fiz muitos amigos, nomeadamente entre os alunos e ainda hoje convivemos. Já com a mudança de instalações para o campus de Gualtar a relação entre todos passou a ser diferente. A universidade cresceu, as suas estrutura e organização física também e o facto de as aulas decorrerem em espaços diferentes do edifício da Escola provocou um natural e espectável afastamento entre todos.
 
Qual foi o momento que mais o marcou ao longo de todo o tempo na Universidade?
Destacaria o momento em que decidi tentar o acesso ao ensino superior, através do, entretanto extinto, exame ad-hoc. Infelizmente, não conseguir ter sucesso na prova específica e há alturas em que me arrependo de não ter tentado de novo. Apesar de o ter pensado e do imenso incentivo que tive por parte dos colegas, não o fiz e hoje tenho consciência de que o meu percurso teria beneficiado disso. Ainda vou a tempo, nem que seja na aposentação!
 
Alguma vez ponderou mudar o seu rumo profissional?
Sim. Cheguei a considerar tirar uma licença sem vencimento por um ano para me dedicar a um projeto pessoal ligado ao BTT. Pensei em abrir uma loja, com organização de eventos ligados a este desporto. É um hobby que já vai quase com 25 anos. Descrevo alguns dos momentos mais marcantes num blog que criei: jobarrote.blogspot.pt. Incutiu-me um gosto de tal ordem, permitiu-me tanta dedicação, inclusivamente a direção da Associação de Cicloturismo do Minho durante 15 anos, e uma rede de interação e contactos tão alargada, atingindo mesmo outras modalidades e ramos de atividades, que pensei efetivamente em transformar a paixão, numa iniciativa a tempo inteiro.
 
Considera-se no topo da sua carreira?
Não, de maneira alguma. Apesar dos meus 30 anos dedicados à universidade, sei que ainda posso dar muito mais. Sempre fui um colaborar dedicado em tudo que me envolvo, tentando sempre fazer mais do que o que me solicitam. Não me fico pelas funções que me estão atribuídas e tento sempre contribuir para a minha própria melhoria e do funcionamento dos serviços.
 
O que é que as pessoas aprenderam com o seu trabalho?
Dedicação e paixão a tudo o que me cabe fazer. A UMinho é o nosso local de trabalho e, por isso, desempenho com profissionalismo as minhas funções. É importante passar a ideia de que devemos servir o outro da melhor forma que sabemos. Resolver o problema de quem me procura é uma satisfação! Considero-me uma pessoa ativa, franca e leal. Tento manter a harmonia com todos.
 
 

O que mais nos disse Jorge Barrote
 
Um livro. “O Diário de um Mago”, de Paulo Coelho.
Um filme. “Sete Anos no Tibete”, de Jean-Jacques Arnaud.
Uma música. “If You Don't Know Me By Now”, dos Simply Red.
Um prato. Polvo à Lagareiro, mas outros haveria para mencionar!
Um clube. O grupo BTT de Braga, da Associação de Cicloturismo do Minho.
Uma figura. Nelson Mandela e o meu pai, por me terem incutido os valores pelos quais me revejo.
Uma viagem. Caminho Norte de Santiago de Compostela, de BTT e em autonomia. Nove dias de percurso, desde Irun (País Basco) até Santiago de Compostela.
Um momento. A perda do meu pai.
Um vício. Pedestrianismo e BTT.
Um sonho. Viver numa aldeia para desfrutar a minha aposentação!  
Um lema. Nunca deixar que nos conheçam por vencidos!
A UMinho.  Um LAR. Aqui passamos, pelo menos, um terço da nossa vida e todos os dias há uma lição para prender, principalmente pelo contacto com pessoas de diferentes culturas e religiões.