Dez anos a adaptar brinquedos e a conquistar sorrisos

21-12-2016 | Pedro Costa

O cartaz da campanha em 2016

A sessão de entrega de brinquedos decorreu no Pavilhão Desportivo do campus de Gualtar, a 22 de dezembro, com Raquel Cunha, representante do SalusLive, Bruno Alcaide, presidente da AAUM, e Carlos Silva, administrador dos SASUM

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Campanha natalícia "Oferece e faz uma criança feliz!" já entregou mais de 12 mil brinquedos tradicionais e eletrónicos a crianças carenciadas e com necessidades educativas especiais.




Esta iniciativa desenvolvida no seio da comunidade académica é uma campanha anual que já vai na 10ª edição e o apelo é para que todos contribuam, oferecendo brinquedos novos ou usados, em boas condições, sendo que depois de adaptados por um grupo de trabalho, que integra o Núcleo de Robótica da UMinho, são entregues para causas solidárias. Antes das férias de Natal, este grupo esteve a adaptar brinquedos para oferecer a crianças com deficiência, tendo o laboratório de trabalho montado no campus de Azurém, em Guimarães (VÍDEO).
 
Ao cabo destes dez anos já são centenas de brinquedos adaptados, num projeto que já envolve alunos, ex-alunos e docentes e pretende transformar brinquedos convencionais em sorrisos de crianças com necessidades educativas especiais (NEE). Depois de adaptados, os brinquedos são oferecidos a estas crianças, sendo que os que não são passíveis de transformação são também entregues, para que instituições de Braga e Guimarães, que trabalham com crianças carenciadas, “possam levar-lhes a magia do Natal e mais motivos para sorrir”, explica o professor Fernando Ribeiro, do Departamento de Eletrónica Industrial da UMinho, que coordena o projeto desde o início.
 
Aos 40 brinquedos eletrónicos angariados na primeira fase da iniciativa juntaram-se mais alguns da parte da Sociedade Martins Sarmento. São normalmente “muito fáceis de adaptar” e acabam por resultar em "momentos de satisfação e emoção que chegam a ser surpreendentes”, revela o professor. No entanto, apesar da fácil adesão de voluntários e do envolvimento das instituições parceiras, a iniciativa vive algum constrangimento, pois “de ano para ano tem vindo a diminuir" o número de doações. O responsável confessa que, “no início, um grupo de empresas oferecia esses brinquedos", agora não tem acontecido e os Serviços de Ação Social da UMinho (SASUM), entre outros, têm ajudado na campanha de recolha”, que normalmente acontece nos campi da universidade, em Braga e Guimarães. Este método de angariação complica um pouco a escolha, “mas o que vier tenta-se adaptar de alguma forma, para que se possa levar esta alegria e felicidade ao maior número de crianças possível”, assegura Fernando Ribeiro.
 

"O momento da entrega dos brinquedos às crianças é o que mais motiva"

Em termos práticos, o grupo voluntário para adaptar os brinquedos integrou este ano 15 estudantes e dois docentes, além de alguns ex-alunos “que pediram dispensa aos chefes ou meteram uns dias de férias”. Os brinquedos foram transformados de modo a que a componente elétrica possa ser utilizada por qualquer criança. "O que fazemos é simples - abrimos o brinquedo, reparamo-lo se estiver avariado e, depois, adaptamos-lhe um interruptor relativamente grande para ser usado com facilidade pelas crianças”, avança o responsável. São normalmente brinquedos com movimento, sons e cores, que induzem estímulos sensoriais aos pequenos utilizadores, por isso a sua adaptação e escolha tem a participação de professoras que acompanham as crianças com NEE.
 
O momento da entrega dos brinquedos às crianças é o que mais motiva, admite Fernando Ribeiro: "São momentos de emoção, porque a reação deles é tão intensa, quando comparada com um gesto tão simples e fácil da nossa parte”. "Uma adaptação que pode demorar 15 minutos a fazer provoca uma felicidade imensa e por um tempo alargado a estas crianças, o que nos leva a concluir que mais gente deveria pensar em trabalhar neste tipo de adaptações”, acrescenta.
 
A iniciativa é apoiada nos últimos anos, ao nível da recolha, pelos SASUM, pela Associação Académica (AAUM) e pela Associação de Antigos Estudantes (AAEUM). O Núcleo de Robótica do Departamento de Eletrónica Industrial da Escola de Engenharia (DEI-EEUM) e a Bot’n Roll (spin-off da UMinho na área da robótica) são os protagonistas da adaptação, enquanto o SalusLive - Centro Terapêutico colaborou na distribuição, a Sociedade Martins Sarmento apoiou numa das fases de adaptação e a Creche/Jardim de Infância Albano Coelho Lima (Guimarães) teve uma colaboração especial. O número de entidades tem vindo a reforçar-se, o que facilita de alguma forma a sustentabilidade do projeto, pois, como lembra Fernando Ribeiro “onde todos ajudam nada custa”.

No âmbito da campanha "Oferece e faz uma criança feliz!", os SASUM contabilizam 12.250 brinquedos entregues desde 2008, sobretudo tradicionais. E 2016 é já o melhor ano, com 2293 brinquedos entregues às unidades para a educação a alunos com perturbações do espetro do autismo de Joane (Famalicão) e da Silva (Barcelos) e com multideficiência e surdocegueira da Póvoa de Lanhoso e de S. Miguel (Caldas de Vizela), para além da Fraterna (Guimarães), Associação Teatro e Construção (Famalicão), Sinergya, Cáritas, Cruz Vermelha (todas em Braga) e o projeto de voluntariado "Atelier dos Pikis” em Pedra Badejo, na ilha de Santiago, Cabo Verde.