30 anos do Programa Erasmus na UMinho

11-04-2017 | Pedro Costa

A pró-reitora para a Internacionalização do Ensino fala do impacto do Programa e das atividades comemorativas.




Em 2017 comemoram-se os 30 anos do Programa Erasmus, um verdadeiro marco na história da construção da União Europeia. Ao longo deste ano serão organizados numerosos eventos alusivos em toda a Europa, incluindo conferências, fóruns, festividades, debates e exposições, entre outros. A UMinho também se associa à efeméride e leva a cabo várias atividades para celebrar os 30 anos do programa, que muito tem contribuído para a internacionalização da universidade. Estão previstas sessões de natureza académica e cultural, ações de solidariedade social e o Encontro AlumnIN Erasmus da UMinho. Carla Martins, pró-reitora para a Internacionalização do Ensino, fala-nos da forma como a UMinho vai viver esta comemoração e traça uma avaliação ao Erasmus, enquanto programa estratégico para o seu campo de atuação no âmbito da internacionalização da academia minhota.

 
Na sua perspetiva, quais são os resultados mais impactantes nestas três décadas de Erasmus?
A área onde se sentiu maior impacto foi na mobilidade de estudantes, pois o Programa Erasmus veio permitir que os jovens começassem a levar a cabo períodos de estudo fora do seu país e da universidade de origem, sem que, com isso, perturbassem o seu desempenho e percurso académicos. A estimativa da Comissão Europeia é a de que ao longo destes 30 anos tenham beneficiado do Programa cerca de nove milhões de pessoas. É um número absolutamente impressionante e que nos faz refletir sobre o que seria a Europa hoje se esta oportunidade não existisse.
 
No caso particular da UMinho, terão sido mais os inputs ou os outputs deste percurso?
É uma análise difícil de fazer. Por um lado, é frequente assistirmos a verdadeiras transformações nos estudantes out, aqueles que vão para um período de mobilidade numa universidade estrangeira. É um facto que, na maioria dos casos, voltam indivíduos diferentes, mais abertos ao mundo e tolerantes, graças às experiências enriquecedoras vivenciadas. Por outro lado, ao recebermos alunos de múltiplos países sentimos, igualmente, um impacto significativo. Por exemplo, quando temos um estudante numa sala de aula que não fala português, os docentes e colegas adaptam-se à sua presença, interagindo em inglês ou noutra língua, o que expõe os nossos alunos, mesmo os que não tiveram a experiência de um período de mobilidade, a novas dinâmicas. Por outras palavras, todos beneficiamos da presença de alunos in através de um processo de internacionalização em casa. Por fim, o intercâmbio de docentes e trabalhadores não docentes tem também impacto na UMinho, pela exposição a novas práticas pedagógicas e administrativas, respetivamente, as quais, podem, eventualmente, ser implementadas na nossa instituição.
 
O Erasmus ajudou a uniformizar o ensino superior e a formação na Europa?
O Programa nasceu em 1987, antes do início do processo de Bolonha, o qual uniformizou os diferentes sistemas de ensino superior na Europa. É possível que este Programa tenha tornado evidente que era possível facilitar ainda mais a mobilidade dos estudantes se os sistemas de ensino estivessem alinhados, o que foi um dos objetivos/resultados do processo de Bolonha.
 
A abertura aos países de expressão portuguesa e comunidades lusófonas abriu oportunidades especiais às universidades portuguesas?
No caso da UMinho, já existia intercâmbio com os países de expressão portuguesa. Certamente que, com a transformação do Programa Erasmus em Erasmus+, em 2014, ficou facilitado o acesso a fundos para a realização de mobilidades para esses países.
 
Do seu ponto de vista, quais os desafios atuais da UMinho no âmbito deste e de outros programas de intercâmbio?
Curiosamente, ainda é difícil fazer chegar algumas oportunidades de mobilidade aos nossos estudantes. Por exemplo, temos neste momento o maior número de bolsas para estágios Erasmus - curriculares, extracurriculares ou profissionais -, desde que esta tipologia de mobilidade foi criada. Apesar de toda a divulgação institucional, ainda nos deparamos com estudantes que referem desconhecer essa oportunidade. Por outro lado, nem sempre conseguimos financiamento para todos os países onde gostaríamos de atuar. Numa recente candidatura solicitamos financiamento para fluxos de mobilidade para estudantes, docentes e trabalhadores não docentes, de/para universidades parceiras de 31 países. Colocámos a fasquia muito elevada, mas foi também uma forma de assinalarmos, uma vez mais, os 30 anos; veremos o que os resultados nos reservam. Dito isto, na semana passada, a UMinho viu três projetos de mobilidade entre países europeus aprovados, dois dos quais como instituição coordenadora. Estes últimos irão permitir um aumento considerável no número de bolsas, destinadas a docentes e trabalhadores não docentes, para a realização de períodos de mobilidade de curta duração em instituições parceiras.
 
A UMinho vai marcar esta efeméride comemorativa de alguma forma particular?
Sem dúvida. Concebemos um programa que nos permitirá assinalar esta efeméride com diferentes iniciativas todos os meses do ano. Em janeiro tivemos a inauguração dos Bosques Erasmus, plantando 30 árvores, em cada campi, representativas dos países que integram o Programa. Em fevereiro organizámos um Power Trail em Guimarães para receber os alunos in que vieram para a UMinho fazer o segundo semestre deste ano letivo. Em março participámos no Open Weekend, uma iniciativa pioneira da UMinho para receber os alunos do ensino secundário e as suas famílias nos nossos campi. Nos próximos meses organizaremos duas semanas internacionais - uma dirigida a docentes e outra orientada para trabalhadores não docentes -, tendo como tema central a internacionalização, os seus desafios e tendências emergentes. No dia 22 de abril haverá um evento solidário com a participação dos nossos alunos Erasmus num projeto de solidariedade social, que permitirá a construção da habitação para uma família carenciada. Em julho teremos um evento dirigido a todos os alunos in que recebemos, até hoje, na UMinho. Para tal, enviamos mais de 5000 convites para o Encontro AlumnIN Erasmus, com a presença do reitor. E em setembro receberemos os novos alunos in com uma caminhada ao Bom Jesus do Monte. 

É uma agenda intensa.
Sim. Destacaria, ainda, o encerramento oficial das comemorações, em dezembro, com uma exposição sobre todos os eventos que estamos a realizar ao longo do ano e, também, um concerto da Orquestra e Coro da UMinho com um repertório centrado nos países que integram o Programa Erasmus. Por fim, todos os meses, lançamos na página de facebook dos Serviços de Relações Internacionais breves testemunhos de alunos out da UMinho que fizeram períodos de intercâmbio ao longo dos anos. Vale a pena acompanhar.