“É importante sair e conhecer como outros trabalham"

11-04-2017 | Paula Mesquita

Pedro Príncipe começou a trabalhar nos Serviços de Documentação da UMinho em 2010, sendo atualmente chefe de divisão

Pedro Príncipe realizou um programa de mobilidade em 2014, na Universidade de Edimburgo, no qual desenvolveu um programa de trabalho relacionado com serviços de suporte institucional à gestão de dados científicos

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Pedro Príncipe

Nasceu em 1974, em Moçambique, e iniciou a vida profissional na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Veio em 2010 para os Serviços de Documentação da UMinho (SDUM), onde trabalha em projetos nacionais e europeus sobre acesso aberto e ciência aberta. Já teve a oportunidade de participar num programa de mobilidade internacional, na Escócia.



Como foi o seu percurso profissional até chegar à Universidade do Minho?
Comecei a carreira de profissional de bibliotecas e documentação na Biblioteca Francisco Pereira de Moura do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa (nesse tempo, 1998-1999, ainda UTL). De 2000 a 2010 colaborei na Universidade de Aveiro, primeiro como técnico de biblioteca e documentação no Instituto Superior de Contabilidade e Administração (ISCA-UA), onde também fui gestor de conteúdos web e colaborei em várias equipas de trabalho nos Serviços de Documentação. A convite da administração, integrei depois os Serviços de Comunicação, Imagem e Relações Públicas como gestor de conteúdos da homepage oficial. Na UA licenciei-me também em Novas Tecnologias da Comunicação. Olhando para trás, tive realmente experiências de trabalho globalmente muito felizes. Devo acrescentar que estagiei durante quase quatro meses na Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, integrado no curso técnico de Biblioteca e Documentação, e foi um privilégio relevante para o meu trabalho no universo das bibliotecas. 
 
Os SDUM foram o primeiro local de trabalho nesta academia?
O meu primeiro e, até agora, único local de trabalho na UMinho. Ingressei com muito gosto em julho de 2010, para colaborar nos projetos de Open Access e Repositórios Digitais, que os SDUM têm de âmbito nacional e europeu.
 
Que funções desempenhava e desempenha atualmente?
Comecei por exercer funções na execução do projeto OpenAIRE - Infraestrutura de Acesso Aberto à Investigação na Europa. Colaborei no início noutras áreas, mas com o aumento de participações dos SDUM em projetos europeus relacionados com Ciência Aberta e Repositórios a minha atividade ficou essencialmente focada nesse domínio. O OpenAIRE afirmou-se também no contexto europeu e é hoje um serviço da Comissão Europeia para cumprimento dos requisitos de acesso aberto no Horizonte 2020, logo foi inevitável focar aí o meu exercício profissional. É importante também referir que as responsabilidades dos SDUM nesse projeto foram aumentando e passámos a coordenar toda a área de helpdesk & training; portanto, precisámos mesmo de investir os recursos humanos nessa atividade.
 
O que gosta mais no seu trabalho?
Participar em projetos sobre Open Access e Open Science de forma mais ampla é um privilégio, nomeadamente nos SDUM - e por quatro razões. Primeira: trabalhar na disponibilização de serviços e infraestruturas para o acesso aberto à literatura científica e desenvolver atividades de disseminação que promovam o acesso aberto à informação e conhecimento científico tem vários méritos intrínsecos e fica sempre a sensação de estar a fazer algo pelo bem comum da sociedade. Segunda: parece uma atividade simples e clara - criar repositórios digitais para promover o acesso aberto, desenvolver redes europeias de repositórios com serviços transversais para investigadores, financiadores de ciência e instituições e, ainda, fortalecer as diferentes comunidades envolvidas (investigadores, gestores de ciência, bibliotecários, decisores políticos, entre outros) com atividades de advocacy e formação -, mas de facto não é. Há muitos interesses instalados, particularmente financeiros, logo tem sido muito desafiante participar com clareza nesta batalha. Terceira razão: estar ligado a projetos do 7º Programa Quadro e do Horizonte 2020 que têm sido bem-sucedidos é um grande privilégio. Em projetos deste tipo, com duração e financiamento limitados, fica a sensação que algo faltou fazer ou que alguns resultados deveriam ter continuidade. No OpenAIRE, porque se afirmou como infraestrutura europeia e já vai na terceira fase, é muito positivo continuar o trabalho e desenvolver o que de bom se conseguiu nas fases anteriores. Quarta e última razão: é realmente um privilégio colaborar em projetos de dimensão europeia, pela multiplicidade de experiências que temos. A diversidade cultural e de formas de trabalhar é realmente uma oportunidade para crescer como pessoa e para melhorar as competências profissionais. 
 
No percurso profissional participou num programa de intercâmbio internacional. Quando e porque o realizou?
Participei sim. Realizei um programa de uma semana, em maio de 2014, na Universidade de Edimburgo, Escócia. Desenvolvi um plano de trabalho relativo a serviços de suporte institucional à gestão de dados científicos. As atividades foram particularmente desenvolvidas na Data Library dos Serviços de Informação daquela Universidade e tinha como objetivo principal conhecer as áreas de intervenção institucional no domínio da gestão dos dados produzidos na atividade de investigação da universidade e, particularmente, adquirir conhecimento dos serviços em desenvolvimento na Data Library.
 
O que aprendeu e o que gostou mais dessa experiência?
Foi uma experiência excelente! Tive o privilégio de desenvolver um programa de grande qualidade, porque abarcou todos os domínios práticos de intervenção da Data Library nos serviços de apoio à gestão de dados e, ainda, porque me foram dadas as conhecer as diferentes perspetivas dos responsáveis envolvidos, desde o ponto de vista da direção de serviços aos bibliotecários no terreno a prestar serviço de front office. Foi de facto o que mais gostei, poder privar com os diferentes agentes envolvidos e compreender as razões para desenvolverem serviços, a partir da Biblioteca, de apoio à gestão de dados.
 
Qual foi o maior contributo para o seu desempenho profissional?
Perspetivar a implementação de serviços semelhantes na UMinho, a partir precisamente da ação dos SDUM. Foi possível desenhar um plano de intervenção para os SDUM e ainda apoiar a sua ação nos projetos de ciência aberta (OpenAIRE, FOSTER e RCAAP) que entretanto se expandiram para o domínio do open data e gestão de dados.
 
Enquadrado nos 30 anos do Programa Erasmus, considera este tipo de oportunidades importante para alunos, professores, funcionários e técnicos de uma universidade?
Considero mesmo muito relevante! Falo mais do ponto de vista dos funcionários que no seu dia-a-dia de trabalho não têm grandes possibilidades de tempo e metodologias de ação para parar e olhar de forma critica a atividade que desenvolvem ou de perspetivar outras formas de fazer e atuar. É mesmo muito importante numa universidade poder sair, conhecer como outros trabalham, discutir com eles formas de realizar as tarefas, ter um outro olhar sobre a atividade profissional e, assim, procurar melhorar ou mudar processos. Aconselho! O Programa Erasmus, nas suas diferentes dimensões, é um contributo e um valor extraordinário da construção do espaço social da Europa - mais partilha, mais convivência, gera sinergias, outro olhar sobre a vida pessoal e as instituições. Isto é muito relevante para a construção de um espaço europeu mais inclusivo, positivo e solidário.
 


  Características pessoais

  Um livro. "O Principezinho", de A. Saint-Exupéry.
  Um filme. "A vida é bela", de Roberto Benigni.
  Uma música. "Forever young", de Bod Dylan.
  Uma figura. Jesus de Nazaré.
  Um passatempo. Pedestrianismo.
  Um sítio. Covão d’Ametade, na Serra da Estrela.
  Um clube. “O clube”: FC Porto!
  Um prato. Tantos na cozinha tradicional portuguesa...
  Um momento. Três: nascimento do Pedro, da Inês e da Teresa [sorriso].
  Um vício. Não me recordo de um vício em particular…
  Um defeito. Tenho alguns que reconheço e outros que talvez já tenham visto em mim, mas ainda não me disseram.
  Um sonho. Um mês de férias em Moçambique.
  Um lema. Faz aos outros o que gostarias que eles te fizessem.
  A UMinho. Competência.