A estrela das caras novas da UMinho

16-10-2017 | Nuno Passos

Sorriso enorme nas boas-vindas aos novos alunos, a 18 de outubro, no Pavilhão Desportivo da UMinho (foto de Pedro Veloso)

Pedro Cruz só colocou o curso de História na UMinho no boletim de candidatura ao ensino superior (foto de Nuno Gonçalves)

O jovem considera que História é uma área científica tão relevante como outras mais mediatizadas (foto de Nuno Gonçalves)

Numa fila à esquerda, a ver a entrada dos Bomboémia na sessão de boas-vindas aos novos alunos da UMinho (foto: AAUM)

Junto à sinalética do campus de Gualtar, local que o acolhe nos próximos anos (foto de Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens)

De pose descontraída numa área verde junto à entrada do campus de Gualtar (foto de Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens)

Pedro Cruz venceu a fase distrital e foi o segundo do país no Concurso Nacional de Leitura

Noutra atuação pelo Filhos do Vento - Grupo de Teatro de Armamar, em outubro de 2016

A participar na peça teatral "Vontade de um povo", na Feira Medieval de Armamar, em junho de 2016

A interpretar poesia na Gala Solidária 2015, em Armamar, com uma camisa de forças e segurando uma cadeira

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Pedro Cruz, de Armamar, Viseu, teve a média mais alta de entrada (19.88 valores) entre os quase 3000 novos estudantes da academia e escolheu História, seguindo o coração.




“Não me sinto uma estrela, sou um jovem perfeitamente normal”, demarca-se logo Pedro Cruz, humilde. Fez toda a formação na Escola Básica e Secundária Gomes Teixeira, em Armamar, distrito de Viseu. A sua média do 10º, 11º e 12º ano, sempre de 20 valores, somada às notas dos exames nacionais (20 a História, 18 a Português), permitia-lhe entrar em “qualquer” curso do ensino superior público. Decidiu-se pela licenciatura em História na UMinho. Sim, nada de Medicina ou Engenharias. E sim, fora de Lisboa ou Porto. “Segui a minha vocação e a UMinho é a academia certa, na cidade onde nasci e tenho família materna”, resume.
 
Pedro quer explicar melhor. “Tenho a convicção que devemos seguir o que gostamos mesmo, a nossa paixão. E, como historiador, sei que serei feliz; por isso, resisti às pressões e não liguei tanto ao dinheiro, mas sim ao coração”, declara. O jovem aceita que provavelmente até poderia vir a ser bem-sucedido noutros ramos, mas não se iria sentir “tão bem”. O interesse por História foi despertado no 5º ano, pela professora Fátima Nogueira. Do 7º ao 12º ano foi o professor Joaquim Duarte que, “contra tudo e contra todos”, o levou a gostar ainda mais da área. “No fim do 12º, quando vi o meu exame nacional com 20 valores certos, disse: ‘É isto, tem que ser isto, a minha vida vai ser isto!’”, frisa, de olhos bem abertos e braços em riste.
 
Essa foi a única opção que colocou no boletim de candidatura ao superior. E lá indicou também a UMinho. “Tinha que ser, é uma universidade de grande estatuto. Pedi inclusive a opinião ao meu professor e respondeu-me: ‘A instituição que tem estado bem em História é a do Minho’. Falei-lhe de imediato: ‘Pode parar, pronto, já escolhi!’”, lembra Pedro Cruz, de sorriso intenso. É o segundo da família no ensino superior. O seu momento inicial no campus de Gualtar foi comum à maioria dos debutantes. Dirigiu-se à zona do "Prometeu” à procura de colegas de curso. “A minha primeira reação foi de surpresa pela quantidade de estudantes e pela dimensão do campus, que é enorme face à escola onde andei”, descreve.
 

Investigador, ator e atleta

Pedro Cruz vive intensamente esta fase de integração. “O ambiente é espetacular e divertido, os mais velhos são impecáveis, tenho conhecido muita gente e nos primeiros dias quase fiquei sem voz com as músicas do curso”, enumera. Na academia quer envolver-se em projetos paralelos, até porque é ator no Filhos do Vento - Grupo de Teatro de Armamar, além de praticar natação e taekwondo, modalidade em que a UMinho é campeã europeia. “Estou a descobrir tudo, em princípio aderirei a várias coisas”, salienta. Associativismo e grupos culturais também são hipóteses.
 
Será que Pedro já conseguiu digerir o frenesim das boas-vindas, do mediatismo, de ser considerado um exemplo? “É estranho… não sou mais do que os outros... Exemplo? Só se for por querer seguir os objetivos que pretendo e não os que outros pretendem de nós. Espero, sim, ter este reconhecimento pelos resultados académicos que obtiver”, declara. Pausa para aclarar a voz e prossegue: “Esta surpresa toda é por ter escolhido História com a minha média, o que não é habitual. Mas, ao contrário do que se pensa, este curso tem muita importância e estatuto, ainda abre muitas portas e só podemos olhar para o futuro se soubermos a nossa História”.
 
Daqui a três anos espera concluir a licenciatura com média alta e distinção, prosseguir para mestrado e, depois, para doutoramento em Inglaterra. Em que época histórica o encontraremos a investigar? “Gosto de me cultivar sobre todos os períodos. A minha vida é um livro aberto, embora aprecie os períodos romano e medieval ou os períodos bélicos”, define. Pedro Cruz considera que o segredo para tirar boas notas é saber gerir o tempo, estar concentrado e ter várias atividades: “Nunca passei mais de uma hora e meia por dia a estudar. Devemos estudar enquanto isso nos dá gosto e estamos focados – a solução não é ‘marrar’, mas compreender”. Fica a dica.