“Satisfaz-me contribuir para o sucesso dos investigadores”

22-12-2017 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

Manuela Carneiro começou a trabalhar na UMinho em 2001, como assistente operacional, no Departamento de Biologia

Dois anos depois de ter entrado para a UMinho, foi trabalhar para a Escola de Medicina (então Escola de Ciências da Saúde), sempre no campus de Gualtar

Presta apoio aos laboratórios de investigação e ensino pós-graduado associados ao Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS)

Divide o seu tempo com o voluntariado nas associações bracarenses “Ordem Vicentina de Gualtar” e “Laços Cor-de-rosa“

No voluntariado, move-a saber que “há pessoas que sofrem, não só por falta de bens materiais, mas também por falta de compreensão e afeto”

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Maria Manuela Carneiro

Tem 46 anos e nasceu em Paços de Ferreira. Veio há 21 anos para Braga e, após cinco anos, começou a trabalhar no Departamento de Biologia, ficando depois no ICVS. A UMinho encarregou-se de a fascinar pelo trabalho de apoio à investigação laboratorial.



Como chegou à Universidade do Minho?
Através do Instituto de Emprego e Formação Profissional, em 2001. Comecei como assistente operacional, no Departamento de Biologia, para dar apoio aos laboratórios de investigação e académicos. Trabalhei lá dois anos.
 
Já tinha tido alguma experiência semelhante?
Não, mas apesar da minha experiência ser diferente das tarefas que me foram atribuídas, este departamento proporcionou-me todas as condições para o desenvolvimento profissional e despertou-me o gosto pelo trabalho de apoio à investigação laboratorial.
 
Como foi o seu percurso desde então pela UMinho?
Infelizmente, os constrangimentos existentes na contratação de pessoal não permitiram que continuasse associada ao departamento. Contudo, logo recebi da então Escola de Ciências da Saúde a indicação de que gostariam de contar comigo e, de imediato, iniciei as mesmas funções numa Escola diferente. Atualmente, sou assistente técnica (VIDEO).
 
O que faz concretamente na Escola de Medicina (EMed)?
Dou apoio aos laboratórios de investigação e ensino pós-graduado associados ao Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) em diversas vertentes. No armazém do ICVS faço o aprovisionamento e a manutenção dos stocks de reagentes e consumíveis, incluindo a receção, a etiquetagem e a distribuição; faço o fornecimento aos investigadores dos artigos requisitados ao armazém; faço a receção e verificação das encomendas dirigidas aos investigadores e respetivo reencaminhamento; e faço também a gestão dos quatro sistemas de supply center de reagentes específicos instalados no ICVS. Sou, ainda, membro da Comissão de Segurança, Saúde e Higiene no Trabalho da EMed/ICVS e, por isso, responsável pela gestão da recolha e armazenamento de resíduos sólidos e líquidos perigosos. Faço a verificação e manutenção das farmácias de primeiros-socorros da EMed/ICVS no âmbito da saúde, higiene e segurança no trabalho. Desde a criação do programa de pós-graduação internacional da EMed/ICVS, sou responsável pela preparação do laboratório de cirurgia minimamente invasiva. Finalmente, desde 2009, estou também envolvida em atividades de formação como monitora, no âmbito dos estágios profissionais dos cursos Técnico Auxiliar de Saúde e Técnico Auxiliar de Análises Clínicas das Escolas Profissionais do Distrito de Braga, com 350 horas anuais por cada aluno.
 
O que é que a satisfaz mais no seu trabalho?
Ter a noção de que contribuo, todos os dias, um bocadinho para o sucesso dos investigadores.
 
Qual foi o momento que mais a marcou na Universidade?
Foi, sem dúvida, a entrada na carreira de assistente técnico. Significou o reconhecimento pelo trabalho e esforço dedicados a esta Escola, durante mais de uma década.
 
Aprende mais com outros ou os outros aprendem mais consigo?
Considero que estou em aprendizagem constante com os outros. Todavia, fico muito orgulhosa quando sinto que outras pessoas aplicam de forma construtiva o que lhes transmiti.
 
Divide o seu tempo entre a UMinho e o voluntariado. O que é que faz?
Tento dedicar um pouco do meu tempo em prol do próximo. Colaboro com a “Ordem Vicentina de Gualtar” e a “Laços cor-de-rosa“, em Braga. A primeira é uma associação sem fins lucrativos que ajuda famílias em risco. O ICVS acumula bastante papel e eu percebi que estes resíduos podiam ser transformados em bens alimentares, tão necessários para as famílias em causa. Assim, todos os meses, a associação vem recolher este papel e o dinheiro obtido dessa troca é enviado para o Banco Alimentar. Por cada tonelada de papel entregue, os vicentinos recebem 120 euros em alimentos, que são depois distribuídos pelos mais necessitados. São distribuídos, todos os meses, bens alimentares a 35 famílias, levando-lhes também carinho e boa disposição sempre que as visitamos. Paralelamente, e graças à contribuição de muitos colaboradores do ICVS, recolho tudo o que me fazem chegar e distribuo, via associação ou pessoalmente, a quem me solicita. Já a “Laços cor-de-rosa” ajuda famílias que estejam a passar por dificuldades devido à existência de uma doença grave, como o cancro. Neste sentido, esta associação fornece bens de primeira necessidade (alimentares ou não) às famílias afetadas. Eu ajudo nos peditórios e venda de merchandising para angariar fundos.
 
O que a levou a envolver-se nessas iniciativas?
Apercebi-me deste muito jovem que, infelizmente, há pessoas que sofrem, não só por falta de bens materiais, mas também por falta de compreensão e afeto. Conheci casos muito próximos de mim e, por isso, fiquei mais atenta e sensível a esta realidade. Considero importante contribuirmos na medida das nossas possibilidades para melhorar a vida dos outros. Todos podemos ser voluntários no meio que nos rodeia e, com gestos simples, fazer toda a diferença.
 
As iniciativas sociais e de solidariedade ganham mais importância por altura do natal. O que pensa sobre isso?
De uma forma geral, as pessoas tendem a ser mais sensíveis e a dar mais importância a estas iniciativas nesta altura, porque se associa a quadra natalícia aos conceitos de família, do bem comum, de solidariedade e da partilha. É natural que isso aconteça. Mas é importante, mais importante até, que se tenha noção de que as necessidades e as dificuldades não surgem só nesta altura. Elas existem ao longo do ano, num tempo mais alongado e até pela vida toda. A pobreza e as dificuldades andam ao nosso lado, muito próximas de cada um de nós, e nem fazemos ideia. Há muita pobreza escondida e disfarçada. Se dedicarmos um bocadinho do nosso tempo a pequenos gestos seremos melhores todos os dias e faremos os outros melhores todos os dias.
 


Outros traços de Manuela Carneiro
 
Um livro. “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach.
Um filme. “A vida é bela”, de Roberto Benigni.
Uma música. Qualquer uma. Depende do estado de espírito.
Uma figura. O meu avô Francisco.
Um passatempo. Caminhar.
Um prato. Cozido à portuguesa!
Um momento. Os dias de nascimento e de casamento do meu filho.
Um vício. Descansar depois das refeições!
Um defeito. Demasiado protetora.
Um sítio. Viajar.
Um sonho. Continuar a viajar!
Um lema. Ser sempre eu, com os meus valores, crenças e objetivos.
A UMinho. É a minha segunda casa e identifico-me muito com ela. A escola da minha vida.