“Em breve vou dedicar-me mais à família e ao campismo”

03-07-2019 | Pedro Costa | Fotos: Nuno Gonçalves

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Abel da Costa Gonçalves

Nasceu há 60 anos em Morreira, Braga. Completou os estudos já a trabalhar e tentou emigrar, mas voltou após oito dias. Chegou à UMinho em 2005, com a integração da Escola de Enfermagem Calouste Gulbenkian, onde fez grande parte da carreira. A sua vida é entre a coordenação técnica daquela Escola, em Gualtar e a freguesia de Vilaça, onde vive, perspetivando a sua aposentação.


Como foi a sua infância?
Foi feliz, dentro dos condicionalismos existentes na época. Sou o mais velho de oito irmãos e a minha infância foi passada no campo. Na idade escolar, os tempos livres eram ocupados nas lides da agricultura, pois os meus pais eram caseiros numa quinta agrícola.
 
E como foi nos estudos?
Após a conclusão da 4ª classe, em que se realizava o exame final, ingressei na 5ª classe para, no ano seguinte, iniciar o ciclo preparatório no Liceu Nacional Sá de Miranda. O segundo ano desse ciclo já foi concluído nas instalações da Escola André Soares, seguindo-se o percurso no Liceu Nacional Sá de Miranda até 1977, onde fiz parte das disciplinas do curso complementar dos liceus. Nessa altura abandonei a escola para ingressar no mundo do trabalho, mas em 1994 recomecei a vida de estudante no regime pós-laboral, para ao fim de três anos concluir o 12º ano de escolaridade.
 
Como foram os primeiros tempos a trabalhar?
Em 1977 iniciei a atividade profissional como marceneiro, numa fábrica de móveis. Em 1979 mudei-me para uma fabrica de malhas têxteis, onde fui maquinista de máquinas retas e, posteriormente, chefe de equipa. Depois, em 1983, com as dificuldades existentes por cá, tentei emigrar para a Suíça, mas foi um logro, pois passados oito dias tive que voltar para Portugal. Em1984 ingressei na função pública. Através de um concurso, fui para a categoria de continuo de 2ª classe, colocado na Escola Primária de Lousado, em Famalicão. Nesse ano fui destacado para a Escola Preparatória de Tadim, em Braga. Três anos depois fui colocado como escriturário datilógrafo de 2ª classe na Escola de Enfermagem de São João, no Porto e, desde maio de 1987 até dezembro de 2005, trabalhei na Escola de Enfermagem Calouste Gulbenkian, no centro de Braga. Aí comecei na categoria de 3º oficial, posteriormente 2º oficial, tesoureiro, assistente administrativo principal, assistente administrativo especialista e chefe de secção, sempre com as mudanças de categoria precedidas de concurso.
 
Como se deu a sua entrada nesta universidade?
A minha entrada na UMinho deveu-se à integração das escolas superiores de enfermagem em institutos politécnicos ou, na sua ausência, nas universidades, como foi o nosso caso.
 
O que retém sobre os primeiros tempos na UMinho?
Como ficamos nas mesmas instalações, junto ao antigo hospital de São Marcos, apenas recordo menos frenesim, dada a existência de serviços centralizados na UMinho nas suas várias áreas de atuação. Enquanto escola independente, entretanto chamada Escola Superior de Enfermagem (ESE), fazíamos de tudo, mas em escala menor do que a UMinho.
 
Que funções foi desempenhando nesta universidade?
Com a categoria de coordenador técnico, desempenho principalmente funções na área financeira e no apoio a projetos de investigação.
 
O que gosta mais no seu trabalho?
Do contacto com os outros e da autonomia de atuação para a obtenção dos objetivos a que a ESE se propõe.
 
Que pessoas mais o marcaram?
Na UMinho, as pessoas que me marcaram negativamente são como a laranja amarga: faz-se doce. Positivamente sim, existiram e existem. Não querendo magoar ninguém, e para além de outras que recordo com carinho, destaco a professora Beatriz Araújo e a dra. Alexandra Seixas, pela sua capacidade de liderança, pelo saber ouvir e aconselhar e pela sua preocupação no bem estar pessoal e profissional de cada um. Estão sempre prontas a ajudar e a colaborar na resolução de dificuldades que se nos atravessam na vida.
 
Que estórias curiosas guarda do seu percurso?
Quando fomos integrados na UMinho em janeiro de 2005, e como a UMinho era grande - e assim o é, de facto -, sempre tive em mente que em termos de informatização de serviços deveria ser muito boa e avançada. Ora como a nossa Escola, enquanto independente, tinha todas as áreas administrativas e académicas informatizadas, com a integração surpreendentemente tivemos que voltar temporariamente ao passado, pois tudo começou por ser manual. Recordo também que, numa bela sexta-feira à tarde, apresentaram-se na ESE informáticos da UMinho - que não conheci - para efetuarem cópias dos ficheiros da base de dados dos estudantes, mas não conseguiram, pois o sistema estava bem protegido! [risos] Éramos pequenos, mas estávamos à frente no tempo.
 
O que é que ainda falta acontecer no seu percurso profissional?
Como já estou no topo da carreira, não tenho nenhuma preocupação pessoal, no que diz respeito a atingir outro patamar, até pela minha falta de habilitações académicas. Aguardo, sim, melhores dias para me aposentar e fazer algo que gosto muito, o campismo, além de conviver em família.
 


  Algumas notas pessoais

  Na minha gaveta guardo agendas, chocolate, café, entre outras pequenas coisas.
  Mal entro no carro, abro o vidro e coloco o cinto, mas em casa não dispenso a passagem pelos animais (galinhas, frangos e patos) e uma volta pelo quintal.
  Considero-me uma pessoa lutadora e alegre e o que os outros me acham… é uma situação que não me preocupa, pois é para o lado que durmo melhor.
  Num jantar, não dispenso um bom copo de vinho.
  Ao fim de semana, passo o meu tempo com a família, especialmente a esposa, filhas, neta e não dispenso pela manhã um café na companhia da esposa. Trato dos animais de capoeira e procedo ao cultivo, tratamento e colheita dos produtos hortícolas.
  Nada me fará esquecer o momento em que nasceram as minhas filhas e, principalmente, a neta.
  Gostava muito que amanhã existisse mais justiça.
  O meu dia não acaba sem ligar à filha para saber da neta.
  A UMinho é uma grande casa!