Exercício físico vs. sedentarismo
Quem está habituado a caminhar, correr e pedalar vai ter nesta fase “uma consciência vincada” para continuar a fazê-lo pelas ecovias, pelos montes e pelo país. Já os sedentários terão uma dificuldade acrescida em sair do seu estilo de vida durante e após o confinamento. Quem o diz é Beatriz Pereira, do Centro de Investigação em Estudos da Criança (CIEC), notando que “a situação vai polarizar-se”. A professora do Instituto de Educação da UMinho alerta em especial para as “implicações sérias” no desenvolvimento motor e social em crianças e idosos e, por outro lado, para situações de excesso de peso, que podem afetar a saúde, a imagem corporal, o bem-estar e a nível psicossocial.
"As pessoas cansadas vão aproveitar as férias para descansar, mas tendencialmente através do lazer passivo, quando deveria ser com atividades de 'lazer ativo'", justifica. “Os mais velhos que pararam um trimestre também precisarão dobrar o esforço para fazer exercício com qualidade e intensidade”, frisa. Nos mais novos, é fulcral retirá-los dos ecrãs e motivá-los para se exercitarem: “Não é fácil, porque a criança ainda não pode reapropriar-se dos parques infantis e dos recreios das escolas, salvo no pré-escolar, e pode ter dificuldade em recuperar,o tempo de estar, de forma livre, com os brinquedos e materiais lúdicos e com as outras crianças”.
Assim sendo, os mais pequenos precisam “de adultos empenhados que estimulem para o brincar, a mobilidade e as práticas saudáveis”, reforça. "As férias das crianças serão condicionadas pelo medo compreensível dos pais, que irão procurar espaços verdes ou junto ao mar, menos populares e mais tranquilos, que permitam alguma liberdade e novas experiências aos filhos", admite. Quanto aos praticantes de desporto, diminuíram os que caminham ou correm em grupo, por questões de higiene e segurança, logo “requer-se estratégias para não parar os treinos nem a motivação”.
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