A Universidade do Minho é construída com a sociedade

23-10-2020 | Nuno Passos

O comendador António Nogueira da Silva (1901-1976) cedeu a sua Casa Museu no centro de Braga

Maria Teresa Salgueiro (1917-2001) doou a sua Casa Museu em Monção e alguns imóveis em Lisboa

O cirurgião António Simões doou imóveis no Porto e dá nome a um auditório e uma Cátedra para jovens investigadores na Escola de Medicina

O humanista Victor de Sá doou coleções de livros à Biblioteca Pública de Braga e dá nome ao principal prémio nacional para jovens historiadores (na foto, a vencedora do ano 2019, Patrícia Gomes Lucas, ladeada pela vice-reitora Manuela Martins)

A escritora Maria Ondina Braga (1932-2003) tem um espaço no Museu Nogueira da Silva

Pormenor da Biblioteca Salgado Zenha, no campus de Gualtar, que integra alguns milhares de documentos daquele advogado e político (1923-1993)

A Casa de Sarmento, unidade diferenciada da UMinho em Guimarães, tem em curso projetos académicos e culturais apoiados por mecenas

A Biblioteca Fernão Mendes Pinto, no campus de Gualtar, inclui fundos doados pelo antigo embaixador João de Deus Ramos (na foto), pelos professores Thimothy Wright e Beverly Hooper, pelo Hanban, pelo Instituto Confúcio e pela Japan Foundation

A Biblioteca Nuno Portas, no campus de Azurém, possui acervo cedido pelo conhecido arquiteto português

O espólio do compositor Eurico Tomás de Lima foi doado em maio de 2001 pelo seu filho Eurico Adolfo, ladeado pela vice-reitora Cecília Leão e pela presidente do Instituto de Estudos da Criança da UMinho, Graça Carvalho

O futebolista Alberto Gomes (1916-1992) tem espólio à guarda da Casa Museu de Monção

O laboratório Essilor-UMinho foi inaugurado em março de 2019, com os responsáveis Gonçalo Barral (Essilor), José González-Méijome (Departamento de Física), Rui Vieira de Castro (reitor) e Manuela Côrte-Real (Escola de Ciências)

Francisco José Viegas, então secretário de Estado da Cultura, a visitar a Biblioteca Pública de Braga em julho de 2012, antes do anúncio da requalificação do Complexo do Largo do Paço e do Arquivo Distrital, que incluiu o apoio da CGD

O Lions Club de Braga concede 50 bolsas anuais no valor da propina para alunos carenciados desde 2013 (na foto, a presidente Maria José Carrilho faz a entrega simbólica ao reitor Rui Vieira de Castro, nos 46 anos da UMinho, em fevereiro de 2020)

O Município de Guimarães é uma das muitas entidades que atribui bolsas de mérito a estudantes (na foto, o autarca Domingos Bragança presente nos 44 anos da UMinho, em fevereiro de 2018)

O Município de Braga também atribui bolsas de mérito a estudantes desta academia (na foto, o autarca Ricardo Rio presente nos 44 anos da UMinho, em fevereiro de 2018)

Cerimónia de Bolsas de Estudo e Mérito em Engenharia Civil, em março de 2019, com os alunos vencedores da bolsa e representantes de nove empresas financiadoras

A Cátedra PT-FLAD em Smart Cities & Smart Governance teve a lição inaugural em janeiro de 2017, no campus de Gualtar

Cátedra Proef-dstelecom-IB-S em Redes de Telecomunicações Sustentáveis, com Rui Alheiro (Proef), Rui Vieira de Castro (reitor), José Teixeira (dst) e Tiago Miranda (IB-S), em outubro de 2018; a dst tem ainda com o IB-S a Cátedra em Construção do Futuro

O Encontro Anual Caixa Alumni UMinho conta com a parceria da sociedade, desde cidadãos a empresas, como a CGD, que atribui ainda prémios de mérito anuais e apoia há muito diversas iniciativas da academia

O Museu Nogueira da Silva acolhe uma fototeca com arquivos da Companhia de Diamantes de Angola e de autores como Arcelino, Cristóvam Dias, Manoel Carneiro e Rocha Peixoto

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Portugal não tem tradição de filantropia e patrocínio no ensino superior, ao contrário de países como EUA e Reino Unido, mas esta academia tem feito caminho desde as origens, com casos de referência.




Casa Nogueira da Silva e a Casa Museu de Monção foram doadas respetivamente em 1975 e 1992 e são unidades culturais. O cirurgião António Simões doou em 2013 três imóveis no Porto e dá nome a uma cátedra na saúde. A Biblioteca Pública de Braga, outra unidade cultural, está ligada a valiosas coleções doadas, como de Carrington da Costa, Barca-Oliveira, Manuel Monteiro, Braga da Cruz ou Victor de Sá, que criou até um prémio para jovens historiadores e cuja 30ª edição é em 2021.
 
Outros espaços da academia guardam espólio bibliográfico do arquiteto Nuno Portas, do jurista Salgado Zenha, do diplomata João de Deus Ramos, além de acervo pessoal e profissional da escritora Maria Ondina Braga, do jornalista Carlos Pinto Coelho e do futebolista Alberto Gomes, entre outros. Há mesmo uma ala com documentos dos primórdios da programação informática mundial e uma fototeca com arquivos da Companhia de Diamantes de Angola e de vários autores. O legado do pianista Eurico Thomaz de Lima, doado em 2002, é um centro documental no Departamento de Música.

Caixa Geral de Depósitos é parceira de longa data, atribuindo um valor anual aos melhores alunos de cada Escola/Instituto e apoiando iniciativas desde o Encontro Alumni à reabilitação do Largo do Paço e Arquivo Distrital, entre outros. Alguns projetos da Casa de Sarmento e do Centro de Medicina Digital P5 têm contado com contributos de particulares. A multinacional Essilor cofinanciou um laboratório da visão e a Karl Storz um de cirurgia. Já o grupo dst promove duas cátedras IB-S sobre sustentabilidade (uma é em conjunto com o grupo Proef), um prémio artístico, apoia eventos e vai remodelar dois anfiteatros em Gualtar. Por seu turno, a PT e a FLAD associam-se à cátedra em cidades e governação inteligente. O Lions Clube de Braga entrega 50 bolsas no valor da propina a alunos carenciados, desde 2013, colaborando assim no Fundo Social de Emergência da UMinho, que envolve mais mecenas.
 
O mérito académico inspira e premiá-lo é considerado um ato louvável. Há estágios e bolsas de mérito financiados em vários cursos da academia, nomeadamente pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, pela Ordem dos Engenheiros, pela Sociedade Martins Sarmento, pelos municípios de Braga e Guimarães ou pelas empresas Alcon, Almedina, Bosch, Iberomoldes, Multicert, entre outras. No caso de Engenharia Civil, os 15 melhores estudantes têm tido a propina paga por nove empresas. No âmbito da pandemia, houve material informático e sanitário fornecido por antigos estudantes e empresas para auxiliar a comunidade académica.