Este é o momento dos factos, da ciência e da solidariedade

23-10-2020

Paulo Cruz

Para enfrentar os desafios académicos, económicos, operacionais e sanitários, as principais dimensões do ensino superior têm sido reequacionadas e reinventadas, num compromisso com a excelência académica. Neste contexto tão delicado, a saúde e a segurança de todos os membros da comunidade e a equidade e a inclusão são essenciais.


Quando em dezembro de 2019 começamos a ser expostos a notícias provenientes da China, referentes a uma epidemia causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2), cuja doença foi designada por COVID-19, estávamos longe de pensar que iríamos encarar uma pandemia desta proporção.

Desde o início de março de 2020 coube-me a responsabilidade de, na Universidade do Minho, coordenar a elaboração e gestão do Plano de Contingência Interno COVID-19, que inclui um conjunto de regras gerais e de procedimentos específicos a serem seguidos nos diferentes cenários expectáveis de funcionamento da instituição.

Nos últimos meses vivemos uma conjuntura difícil e enfrentamos inúmeras restrições em resposta a circunstâncias, sem precedentes, causadas pela imperiosa necessidade de prevenção e controlo da doença. Num curto espaço de tempo assistimos ao escalar da situação epidemiológica e fomos sendo confrontados com uma sucessão de acontecimentos extraordinários, que exigiram uma resposta rápida da Universidade do Minho e que mobilizaram toda a Academia.

Para fazer face aos desafios académicos, económicos, operacionais e sanitários, as principais dimensões do ensino superior têm vindo a ser reequacionadas e reinventadas, mantendo o compromisso com a excelência académica. Neste contexto, tão delicado, a saúde e a segurança de todos os membros da comunidade são fundamentais e a equidade e a inclusão são componentes essenciais.

Neste período conturbado tem constituído uma preocupação central a vigilância contínua dos impactos da pandemia na Universidade do Minho e tem-se procurado reforçar a comunicação com todos os setores da comunidade académica, mobilizando-os para assumir um compromisso com a prevenção da COVID-19.

A Universidade do Minho inicia o ano letivo 2020/2021 num cenário de “normalidade condicionada”. Nesse cenário, a que corresponde um nível de alerta “moderado”, a ameaça subjacente à pandemia permanece, mas a prevalência do vírus é menor e as capacidades de teste e de rastreamento de contatos são suficientemente robustas para permitir que algumas medidas sejam relaxadas, sendo expectável que comecem a surgir tratamentos para a doença, o que diminuirá o risco de consequências graves.

No entanto, os sentimentos de incerteza e de preocupação com que, nos últimos meses, acompanhamos o escalar da pandemia ainda não estão afastados dos nossos horizontes. É impossível prever quando voltaremos à normalidade e o que significará essa “nova normalidade”, mas acredito que a Universidade do Minho, nas suas múltiplas valências, continuará a desempenhar um papel essencial e esclarecido na resposta a desafios desta relevância e magnitude.

Nos próximos meses deveremos dar especial atenção ao cumprimento das recomendações das autoridades de saúde competentes e das normas em vigor, nomeadamente ao nível sanitário, de etiqueta respiratória e de higiene, de distanciamento social e de utilização, por todos, de equipamentos de proteção individual. A utilização permanente e correta de máscara, em conjunto com o distanciamento físico e a higienização frequente das mãos, reduz significativamente o risco de contágio ao contactar com uma pessoa infetada pelo SARS-CoV-2.

Neste momento e neste contexto pandémico é imperioso que todos os membros da academia respeitem os circuitos de entrada, saída e circulação nos espaços da Universidade e cumpram a obrigação legal de não participar em concentrações e ajuntamentos. Recomenda-se, ainda, a instalação da aplicação STAYAWAY COVID, que permite, de forma simples e segura, ser informado sobre exposições de risco à doença, através da monitorização de contactos recentes.

Concluo esta coluna de opinião da mesma forma que terminei o capítulo que em junho redigi para o livro sobre a pandemia que a UMinho Editora tem atualmente no prelo, citando as palavras do dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, com que a 30 de janeiro de 2020 encerrou a declaração da situação de Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional da COVID-19: “Este é o momento dos factos, não do medo. Este é o momento da ciência, não de rumores. Este é o momento da solidariedade, não do estigma”.


Pró-reitor para a Qualidade de Vida e Infraestruturas da Universidade do Minho