"O mais estimulante é fazer o que nunca antes foi feito”

23-10-2020 | Paula Mesquita | Fotos: Nuno Gonçalves

Começou a trabalhar na UMinho em 1998, mais precisamente no Gabinete de Relações Públicas, no Largo do Paço, em Braga

Coordenou a composição e edição do "Boletim Informativo", uma publicação mensal impressa que, entre outros conteúdos, relatava os principais acontecimentos da UMinho

A partir de 2001, trabalhou no Secretariado do Conselho de Cursos, até à sua transformação em Conselhos Pedagógicos, que passaram a funcionar nas respetivas Escolas/Institutos

Em 2009 passou a técnica superior dos Serviços Académicos, a atual Unidade de Serviços de Gestão Académica, sendo o primeiro contacto de muitos candidatos à UMinho

O que mais lhe agrada no trabalho diário é a diversidade de interações, comunicando com pessoas de todo o mundo e apoiando os candidatos da região

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Elisabete Machado

Nasceu em Braga há 48 anos. Esteve em várias escolas da cidade e, em 1991, na primeira turma de Comunicação Social da UMinho. Dois anos depois de se formar, voltou a esta academia, para o então Gabinete de Relações Públicas. Após vários desafios, é técnica superior nos Serviços de Gestão Académica, apoiando os candidatos que pretendem ingressar ou prosseguir estudos.



Como chegou à Universidade do Minho?
Ingressei como aluna, no ano letivo de 1991/92, na turma pioneira de Comunicação Social. O campus de Gualtar estava em franca expansão e vivia-se uma dinâmica académica muito interessante. Estava longe de imaginar que a UMinho viria, mais tarde, a ser também o meu local de trabalho.
 
Como foram os seus anos de estudante?
Ser estudante da UMinho foi uma experiência maravilhosa, da qual guardo as melhores recordações, não só dos meus colegas de turma e de curso (e da nossa animada convivência), mas também dos docentes e dos funcionários do Instituto de Ciências Sociais que nos acarinharam de forma inesquecível. Preferia as disciplinas mais práticas das áreas dos audiovisuais, da publicidade e das relações públicas. Curiosamente, o jornalismo nunca foi uma área de predileção, embora tivesse tido uma experiência na redação da Rádio Universitária do Minho (RUM), durante um verão, de que gostei bastante. As disciplinas mais teóricas foram mais desafiantes, mas reconheço esta exigência necessária para criar os alicerces da capacidade de análise, espírito crítico e habilidades de comunicação essenciais à formação superior e à adaptação a um contexto de trabalho de alguma complexidade. Em suma, sinto que recebi uma formação de excelência, apesar de algumas vicissitudes próprias do que é feito pela primeira vez e do estatuto inaugural do curso.
 
Conseguiu emprego meses depois de se formar. Sentiu-se preparada?
Quando terminei a licenciatura, sentia tanta vontade e motivação para começar finalmente a trabalhar que nunca me senti despreparada. O diploma não me transformou numa profissional, mas sempre assumi que aquilo que não soubesse teria de aprender e, depois de cinco anos a “aprender a aprender”, não me passava pela cabeça duvidar das minhas capacidades de aprendizagem. Agora que tinha a preparação teórico-prática, chegava a hora de me aventurar profissionalmente sem receios. E foi o que fiz. Realizei o estágio curricular numa agência de comunicação no Porto e o meu primeiro emprego foi na Associação Industrial do Minho, como assessora de imprensa.
 
Foi depois dessas experiências que regressou à UMinho?
Em finais de 1998, tive a oportunidade de (re)começar o meu caminho na UMinho, no Gabinete de Relações Públicas, onde tinha por principal incumbência a composição e edição do Boletim Informativo, que na altura era, obviamente, em papel! Fazia uma coletânea dos principais acontecimentos pelas diferentes Unidades Orgânicas e encaminhava o produto final para os Serviços de Reprografia - que funcionavam no Edifício do Castelo, no centro de Braga -, para impressão e distribuição por toda a academia. 
 
Em 2001, deu-se nova mudança.
Com a constituição do Secretariado dos Conselhos de Cursos, que acolhia no mesmo espaço todos os então designados Conselhos de Cursos, o professor Leandro Almeida, vice-presidente do Conselho Académico, propôs-me coordenar o funcionamento administrativo dessa estrutura, sob a supervisão da professora Margarida Casal. Durante oito anos, eu e Adriana Gonçalves, Sandra Silva e Thays Cunha assumimos todo o trabalho administrativo de apoio aos presidentes, aos diretores e às comissões de curso, assim como a elaboração dos horários do campus de Gualtar e a atribuição de espaços pedagógicos para outras atividades letivas. Em 2009, os Conselhos de Cursos transformaram-se em Conselhos Pedagógicos e o seu funcionamento passou para as Escolas/Institutos. O professor Leandro Almeida, na qualidade de vice-reitor, voltou a propor-me novas funções, desta feita no Gabinete de Apoio ao Acesso ao Ensino Superior, uma necessidade que crescia consideravelmente.
 
Funções que vinham cheias de novidades.
Pela primeira vez, a responsabilidade da receção das candidaturas, a nível distrital, passava para a alçada das instituições de ensino superior. O serviço estava em direta articulação com a Direção-Geral de Ensino Superior, mas foi necessário aprender muito em pouco tempo, para acolher centenas de candidatos com as suas dúvidas, expectativas e anseios. Não foi fácil, mas foi uma prova superada.


O prazer de ajudar quem quer alcançar um grande objetivo de vida
 
Do seu percurso na UMinho, o que foi para si mais desafiante?
Não posso dizer que houve um local mais desafiante do que outro porque, na realidade, todos me apresentaram desafios incomparáveis e todos me encontraram em fases diferentes de maturidade pessoal e profissional. Eu diria que o mais desafiante e, sem dúvida, mais estimulante ou mais motivante é encetar um projeto novo, fazer pela primeira vez o que nunca antes foi feito e sentir aquela adrenalina que não nos deixa falhar.
 
O que faz atualmente na Unidade de Serviços de Gestão Académica?
O trabalho que desenvolvo é heterogéneo, mas a minha principal função é a de ser o primeiro contacto dos candidatos à universidade, seja qual for a via pela qual queiram enveredar. Este contacto estabelece-se, num primeiro momento, por correio eletrónico. Lembro que a UMinho tem concursos abertos durante praticamente todo o ano, em diferentes fases, mas a maioria deles concentra-se nos meses de julho, agosto e setembro. Na transição para o ensino superior, os candidatos têm muitas dúvidas sobre condições de acesso, provas de ingresso, classificações, pré-requisitos, documentação, interpretação dos regulamentos, principais semelhanças e diferenças entre cursos, saídas profissionais, entre muitas outras. A área de acesso procura fazer o acompanhamento de cada candidato a partir do momento em que este solicita o esclarecimento de uma questão concreta até ao dia em que, finalmente, completa a candidatura na plataforma online. O objetivo é sempre o de prestar informação rigorosa e confiável e assegurar que o candidato faça uma escolha informada e adequada às suas pretensões.
 
Como decorreu esse apoio na situação pandémica em que vivemos atualmente?
Este ano, o processo do Concurso Nacional de Acesso foi ainda mais exigente, porque todo o apoio à candidatura foi dado remotamente. Não posso esconder que nos primeiros dias estava muito reticente quanto à forma como iria decorrer este apoio à distância, mas a interação com os candidatos, numa lógica colaborativa, acabou por correr bastante bem.
 
Que candidatos mais procuram a área de acesso, na UMinho?
São maioritariamente os estudantes internacionais, os emigrantes e aqueles cujo percurso académico escapou ao convencional: os que prosseguiram com um curso profissional, os que adiaram o sonho de estudar, os que já concluíram um curso, mas a necessidade ou a vontade os levou a querer obter outra formação diferente e, finalmente, aqueles que estão já a frequentar um curso mas querem fazer uma mudança.
 
Pela sua experiência, que razões levam os estudantes internacionais a escolher a UMinho?
Os estudantes internacionais referem muito o prestígio nacional e internacional desta academia e a qualidade do corpo docente, das instalações e dos recursos. Nota-se que a maior parte deles procura, na Internet, por testemunhos de atuais alunos e ex-alunos da UMinho e nessas partilhas também não faltam alusões a uma vida académica rica. Penso que as características próprias de Braga e Guimarães, sendo cidades de média dimensão que não padecem dos constrangimentos das grandes áreas metropolitanas, também propiciam a atração dos estudantes internacionais.
 
O que gosta mais no seu trabalho?
É precisamente esta diversidade de interações que me agrada e satisfaz. Tenho oportunidade de comunicar com pessoas de todo o mundo, mas também de apoiar os candidatos localmente. Deste apoio destaco as palestras nas escolas secundárias e profissionais, como uma forma de esclarecer os alunos presencialmente, e as feiras virtuais, uma forma de contacto alternativa que considero muito promissora. O facto de poder ajudar os candidatos a alcançar um grande objetivo de vida dá-me a sensação de dever cumprido.
 
No seu entender, que alterações têm vindo a acontecer na procura pelo ensino superior?
Parece-me que a procura por um curso de nível superior está em expansão, não só pela valorização que o sistema económico-social confere, mas também por uma questão de imposição da vontade. Apesar de oscilações ao longo do tempo, constato que, para um significativo número de alunos, se a escolha de um curso superior não se dá aos 18 anos, depois de concluído o 12º ano, acaba por acontecer depois, por vezes muito mais tarde, e não estão em causa apenas motivações ligadas à valorização profissional ou salarial, mas também à necessidade de cumprir um sonho, renovar a autoestima ou pela simples vontade de aprender.



  Notas pessoais
 
  Um livro. “O Riso de Deus”, de António Alçada Baptista.
  Um filme. “Magnólia”, de Paul Thomas Anderson.
  Uma música. “The killing moon”, de Echo & the Bunnymen.
  Uma figura. Aristides de Sousa Mendes.
  Um passatempo. Leitura.
  Um sítio. Portugal, de Norte a Sul.
  Um clube. Sporting Clube de Braga.
  Um prato. Um prato não… uma tábua de queijos.
  Um momento. O dia em que soube que estava grávida.
  Um vício. O videojogo June’s Journey.
  Um sonho. Perder o medo das alturas!
  Um lema. Se a vida não ficar mais fácil, trata de ficar mais forte.
  A UMinho. Uma referência no ensino superior.