A nossa redação

30-11-2020 | Fotos: Nuno Gonçalves

Nuno Passos

Afinal, quem é esta gente que faz o seu jornal online? O editor tem a palavra.


Por vezes encontro uma colega da universidade a desafiar-me: "Então vocês ainda conseguem arranjar bons temas para o NÓS?". Digo-lhe sempre que sim, que as curiosidades e estórias pululam na nossa comunidade, gerada há 47 anos e que hoje supera 22 mil pessoas nos campi e 70 mil alumni pelo mundo. Enfim, concedo que agora não é tão fácil ter bons temas como no início do NÓS, em que num ápice se montava toda uma edição à volta de uma ideia forte. Por exemplo, sobre desporto, incluindo então um artigo quase por cada Escola/Instituto, fosse ele uma investigação de topo, um percurso de sucesso, um grande evento, uma bela reportagem, uma opinião certeira. “Mas aonde desencantam agora os temas?”, devolve a colega, de sorriso desarmante. Parte do segredo é a diversidade, essa cola social que molda a academia. Outra parte é a representatividade de atores, saberes, geografias, géneros jornalísticos. Outra ainda é pensar diferente. E depois há “essa coisa” do NÓS, o nome da publicação que vinca o orgulho de ser UMinho.
 
O projeto nasceu há uma década, curiosamente como “Newsletter Institucional”, pela então pró-reitora Felisbela Lopes e integrado na afirmação comunicacional da instituição. Para o nº 1 escrevi um artigo sobre pombos que pensam os números e o tempo como nós, que ficou ao lado dos textos de Phillipe Vieira, Paulo Paulos e Paula Mesquita, numa edição com design de Nicolau Moreira, fotos de Francisca Fidalgo, coordenação de Íris Saraiva, todos do Gabinete de Comunicação, e publicação eletrónica a cargo do Gabinete de Sistemas de Informação. Parte da equipa deu depois lugar, à vez, a Tânia Ramôa, José Pedro Marques e Maria Betânia Ribeiro, entre outros. Hoje estamos oito. Parecemos muitos para um projeto mensal digital, mas é pura ilusão. O NÓS concorre com as urgências diárias que desaguam neste gabinete central, os pedidos engalfinhados, os telefonemas em cascata, as reuniões regulares, o apoio a eventos, as sugestões aos media – na verdade, o NÓS perde muitas destas guerras de agenda, pois “pode sair até fim do mês”. Houve mesmo temas seus antecipados com sucesso em press release, à boleia da agenda mediática (inter)nacional. O imediatismo não perdoa.
 
Não há que enganar: pensar, executar e fechar com qualidade cada número do NÓS é uma luta, mas no finalzinho há um prazer imenso. Porque a seriedade é rainha e o tribunal dos leitores é sem apelo. Enfim, há aqui laivos queirosianos de um mundo em vale de lágrimas mas onde nos divertimos q.b.. E nem só os escribas contribuem para isso. O fotógrafo Nuno Gonçalves tem um à-vontade contagiante e reduz os piropos à categoria de arte circense. Daniel Vieira da Silva é o faquir das redes sociais e Pedro Costa possui uma calma olímpica, que dá um jeitão para acatar as minhas piadas e o meu frenesim. Noutra ala do Largo do Paço, Paula Mesquita é recatada, salvo quando desata às gargalhadas após um telefonema descabido. Já os debates falsamente graves entre Nicolau Moreira e Catarina Dias prolongam-se até à cantina. A esta suave loucura preside Júlia Costa com relativa bonomia. Mas atenção: as regras são para cumprir, desde a preparação de conteúdos à edição prontinha, mesmo que o seja no (pen)último dia do mês. Bem, este aparente ritual já nos visita há 100 vezes.


A equipa do NÓS
Em cima: Catarina Dias, Daniel Vieira da Silva, Júlia Costa, Nicolau Moreira.
Em baixo: Nuno Gonçalves, Nuno Passos, Paula Mesquita, Pedro Costa.