Como se deu a sua vinda para a Universidade do Minho?
Foi através de um concurso público, que me permitiu transitar da Segurança Social, onde trabalhei sete anos, para a UMinho. Antes, já tinha feito um ano de voluntariado nas escavações arqueológicas da Colina do Alto da Cividade, em Braga, e uma experiência de dois anos numa empresa privada, também em Braga. Comecei a trabalhar no Laboratório de Psicologia, do Instituto de Educação e Psicologia (
IEP) da UMinho, que, na altura, funcionava na rua Abade da Loureira. Ali funcionavam praticamente todos os cursos vocacionados para o ensino e cabia-me prestar apoio às aulas de
Educação e de
Psicologia. Eram tarefas diversas que tanto passavam pela projeção de filmes ou outros suportes em vídeo, como pela aplicação de testes psicológicos. Nesta altura, também terminava os meus estudos do 12º ano.
O que sentiu no primeiro dia de trabalho?
É difícil, a esta distância, considerar aspetos particulares. No entanto, posso dizer que cumpria um anseio natural de procurar melhorar a minha condição profissional.
Após alguns meses, teve oportunidade de mudar. Para que serviço foi trabalhar?
Além de continuar motivado em progredir profissionalmente e de melhorar as minhas ferramentas e capacidades, a informática sempre me atraiu e, tratando-se do concurso para um lugar de operação, no então Centro de Informática da UMinho, dotado de equipamentos de ponta a nível mundial, o desafio foi irrecusável. Todos os recursos estavam ali concentrados. Neste tempo, foi muito importante a interação com os colegas, os alunos, docentes e investigadores, que me proporcionaram uma boa aprendizagem para responder ao desafio. Primeiro, fiz um ano probatório, no final do qual era necessário obter aprovação para continuar na carreira. Isso veio a acontecer e permitiu-me que ali trabalhasse durante mais de duas décadas. Comecei por exercer funções que hoje já não existem. Por exemplo, todos os dias mudava os discos de periféricos de suporte para fazer
backups do dia anterior e impedir o risco de perder informação.
Assistiu à abertura dos campi da UMinho.
A universidade "explodiu" na sua dimensão. Ocupava cada vez mais espaços espalhados nas cidades que a albergava, em Braga e em Guimarães. Quando apareceram os
campi, as infraestruturas cresceram rapidamente e a área da UMinho foi-se alargando em ambos. No campus de Gualtar, e no Centro de Informática em particular, as condições de trabalho melhoraram consideravelmente e os espaços ficaram mais adequados para o fim a que se destinavam. O nome do serviço, que passou a Serviço de Apoio Informático à Aprendizagem (
SAPIA), e a sua restruturação, salvo erro em 2001, foi reflexo do crescimento da UMinho e do desenvolvimento tecnológico. A informática já estava longe de estar confinada a um espaço único e era uma ferramenta essencial para o funcionamento geral, estando presente em todas as dimensões da instituição. Já estávamos longe do modelo inicial, quase só limitado ao suporte ao ensino.
O prazer em ser formador
Ao fim de alguns anos, voltou a alterar o percurso. O que o fez mudar para a Escola de Economia e Gestão (EEG)?
Ao fim de 25 anos de permanente aprendizagem, dedicação e serviço, decidi, por minha iniciativa, pedir a transferência. Tinha acabado de cumprir uma espécie de comissão de serviço, durante um ano, na
Escola de Direito e, de volta ao posto de trabalho de origem, fui colocado num serviço de
help desk, com conteúdo funcional que não correspondeu às minhas expectativas. Tive que reagir e fui acolhido na EEG, de forma a dar a melhor resposta possível às necessidades.
Que funções desempenha atualmente?
Sou técnico de informática e a EEG dispõe de serviços que funcionam em modo contínuo. Acolhe muitos estudantes oriundos dos quatro cantos do mundo, nos diferentes graus académicos. Asseguro esse suporte à comunidade estudantil internacional que, muitas vezes, chega à EEG sem as ferramentas e o software necessários à sua atividade. Por outro lado, o serviço informático de toda a Escola que tem de ser assegurado 24 horas por dia para que tudo funcione em pleno.
Qual foi o momento que mais o marcou ao longo do seu percurso profissional?
Foram muitos momentos, em diferentes contextos, mas com um ponto comum: a transmissão das competências profissionais adquiridas. Esses momentos foram na sua maioria enquanto formador, em variadíssimas ações, quer internas quer externas à UMinho, em que tive oportunidade de passar o conhecimento acumulado ao longo da carreira. Foram, de facto, momentos de realização muito compensadores.
Que planos tem para o futuro?
Tenho mais de 46 anos de serviço ativo, que iniciei aos 16 anos. O meu percurso profissional está a chegar ao fim. Estou em posição, ao abrigo de um regime especial, de poder requerer a aposentação um pouco antes da idade legal. É isso que devo fazer, logo que asseguradas todas as condições. Atravessamos um tempo muito difícil, talvez a maior provação enquanto sujeitos sociais, e isso obriga-nos a um compromisso de uns para com os outros que deve ser levado muito a sério – o futuro depende de nós.