O NIPE vai ao encontro dos desafios sociais, económicos e ambientais do futuro

31-03-2021 | Pedro Costa

O NIPE está entre as unidades de I&D nacionais mais bem classificadas na área e tem 92 membros, 40 deles efetivos (na foto)

Linda Veiga é diretora e investigadora do NIPE, além de professora catedrática do Departamento de Economia da EEG-UMinho

Um momento da Escola de Verão do NIPE, no campus de Gualtar, em Braga (foto: Matias Cattaneo)

Participantes de uma Escola de Verão do NIPE, nas escadas junto ao hall da EEG (foto: Matias Cattaneo)

Os Seminários do NIPE acolhem peritos de todo o mundo, como dos bancos Mundial, Central Europeu, do Canadá, da Holanda, da Reserva Federal de Chicago, além das universidades de Oxford, Califórnia, Princeton, Cornell e Londres, entre outras

O NIPE foi criado há 21 anos e está sediado na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, em Braga

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O ciclo de entrevistas com diretores dos centros I&D da UMinho destaca Linda Veiga e o Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais




O Núcleo de Investigação em Políticas Económicas e Empresariais (NIPE) nasceu em 1999, no âmbito das atividades de investigação da Escola de Economia e Gestão (EEG) da UMinho, em Braga. Organiza-se em cinco linhas de investigação e alberga uma centena de investigadores, muitos deles amplamente requisitados para importantes contributos na sociedade civil. Em conversa com o NÓS, a diretora do NIPE e professora catedrática Linda Veiga fala da ambição de o Centro voltar à classificação de “Excelente” pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), de se dotar de mais e melhores recursos, bem como de poder estar cada vez mais perto dos desafios que a sociedade apresenta.
 
 
O NIPE surgiu com que motivações?
Surgiu em 1999, num contexto de reorganização das atividades de investigação na EEG. Os investigadores desta Escola pertenciam todos a um Centro, que o painel de avaliação da FCT entendeu ser demasiado heterogéneo, recomendando a constituição de unidades mais pequenas e cientificamente mais coesas. Assim, surgiu o NIPE, com um perfil mais especializado em Macroeconomia e Política Económica. Ao longo dos anos, o aumento do número de membros levou a um alargamento das áreas de interesse a outros campos da Economia e, posteriormente, às Finanças e à Gestão.
 
Quantos membros o compõem?
Tem atualmente cerca de 100 membros, dos quais 40 são efetivos. Na última avaliação das Unidades de I&D, efetuada em 2019 pela FCT, o NIPE obteve a classificação de Muito Bom, situando-se entre as quatro unidades de investigação mais bem classificadas na área de investigação a que pertence.
 
Em que medida projetos como o NIPE contribuem para a missão da universidade?
O NIPE tem como principal objetivo contribuir para o avanço da ciência económica e das ciências empresarias, nomeadamente através de publicações em revistas científicas de referência internacional. Trata-se de uma unidade fortemente internacionalizada, o que se reflete num elevado número de trabalhos em coautoria com investigadores afiliados a universidades estrangeiras, membros com posições de académico visitante em universidades de vários países e num diversificado leque de investigadores convidados a participar no ciclo de seminários, bem como na Escola de Verão, que atrai participantes de todo o mundo. O NIPE pretende também disseminar o conhecimento produzido junto da comunidade académica e da sociedade em geral. Procura contribuir, através da prestação de consultoria, para adotar medidas de política económica baseadas em análises científicas rigorosas da economia portuguesa e europeia. Assim, os seus projetos inserem-se perfeitamente na missão da universidade e contribuem para a sua concretização.
 
Como se articula com as outras entidades parceiras?
Os membros do NIPE desenvolvem atividades de investigação, através de projetos conjuntos e de artigos em coautoria, com investigadores das principais universidades portuguesas e de várias universidades estrangeiras. Vários membros do NIPE estão também envolvidos na organização de conferências e eventos científicos de âmbito internacional. Adicionalmente, vários membros do NIPE são consultores de entidades públicas e privadas Portuguesas, assim como de organizações internacionais como o Banco Mundial, as Nações Unidas e a OCDE.
  
Como descreveria as infraestruturas do Centro, para quem ainda não o conhece? Tem os recursos que deseja?
Devido à sobreocupação dos espaços na EEG, atualmente não existe um espaço ou gabinete específico para o NIPE. Os seus membros ocupam vários gabinetes dispersos pelo edifício. Naturalmente, isto não ajuda à afirmação da identidade do NIPE, pelo que seria desejável a existência de gabinetes próximos uns dos outros onde os investigadores pudessem trabalhar e trocar ideias.
 
Que equipas e unidades de investigação alberga o NIPE?
As atividades estão organizadas em torno de cinco linhas de investigação: Economia Política e Macroeconomia; Economia Industrial, Regional e Ambiental; Economia do Trabalho e Métodos Quantitativos; Finanças; e Gestão. Estas linhas não são estanques e vários membros desenvolvem investigação em mais do que uma área.
 


Projetos com a UE, OCDE, Nações Unidas e Banco Mundial

Que balanço faz do percurso deste Centro até ao momento?
Desde a sua criação há duas décadas, o NIPE cresceu de 5 para 40 membros efetivos e afirmou-se como uma das melhores unidades de investigação em Economia e Gestão do país. O balanço é bastante positivo, embora a nossa ambição seja voltar a obter o Excelente na próxima avaliação da FCT.
 
Qual é o principal fator da sua afirmação?
O principal fator de afirmação do NIPE são os seus recursos humanos, com uma excelente formação académica e motivados para a investigação. Ao longo dos anos, o NIPE beneficiou de uma liderança coesa que conseguiu atrair, na EEG, os melhores investigadores nas áreas a que o NIPE se dedica.

E que eventos destaca?
Salienta-se a Escola de Verão, que é lecionada por investigadores de topo mundial e capta participantes dos mais diversos países. Este ano, a Escola de Verão será de 16 a 19 de junho, sobre Econometrics of Survey Data, Stratification and Clustering, sendo lecionada por Manuel Arellano, do Center for Monetary and Financial Studies em Madrid. O NIPE organiza também uma série regular de seminários que atrai investigadores de reputadas universidades estrangeiras e proporciona aos membros internos uma oportunidade para apresentarem e discutirem os seus trabalhos.
 
Como avalia a recetividade dos públicos e da sociedade civil ao vosso trabalho?
Tem sido bastante positiva, com vários membros a serem convidados a participar regularmente nos meios de comunicação social e a desenvolverem trabalhos para as mais variadas instituições públicas e privadas, tais como associações empresariais, câmaras municipais, entidades governamentais, o Banco de Portugal e organizações internacionais como a UE, a OCDE, a ONU e o Banco Mundial.
 
Quais são os principais projetos para os tempos mais próximos?
Pretende-se dar continuidade ao bom trabalho desenvolvido, procurando melhorar a qualidade e aumentar o número de artigos publicados em revistas científicas de topo. Estão também a desenvolver-se ações de suporte à comunicação e disseminação dos resultados científicos para um público mais vasto. Adicionalmente, os projetos do NIPE procurarão contribuir para a resposta aos desafios económicos, sociais e ambientais do futuro. O último projeto aprovado para financiamento externo, com um pouco mais de meio milhão de euros, CLICTOUR - Climate change resilient tourism in protected areas of Northern Portugal, constitui um exemplo do alinhamento das atividades do Centro com a Estratégia Regional de Especialização Inteligente da Região Norte e com as missões do Programa Horizonte Europa.