Zinco quê?
Que minerais são estes que colocaram Pedro Alves "no mapa"? A zincostrunzite é um fosfato de ferro de cor amarelo-torrada e foi encontrada na antiga mina de Sítio do Castelo, em Folgosinho, Gouveia, distrito da Guarda. O volume significativo de zinco ajudou também a individualizar a jahnsite mnmnzn, que tem ainda manganês e ferro. Este fosfato de cor de mel transparente foi avistado numa escombreira (depósito de substâncias extraídas) da antiga mina dos Pendões, em São Luís de Odemira, distrito de Beja. Os fosfatos podem ter aplicações em fertilizantes, por exemplo, mas não nestes dois casos.
Já a madeiraite (ler “madeiraíte”), da classe de silicatos wöhlerite, não deve o nome aos seus componentes, antes homenageia e “destaca o valor mineralógico” da ilha em que foi achada; em concreto, nos gabros (encosta) do Sítio da Terra Baptista, em Porto da Cruz, Machico. Tal como a referida jahnsite, tem menos de um milímetro. As três descobertas de Pedro Alves foram anunciadas no “European Journal of Mineralogy”. Para os curiosos, a fórmula química dos três minerais é, respetivamente, ZnFe3+2(PO4)2(OH)2 · 6.5H2O; Mn2+Mn2+Zn2Fe3+2(PO4)4(OH)2 · 8H2O; e Na2Ca2Fe2Zr2(Si2O7)2O2F2.
E como foi o processo de registo? Na madeiraite, por exemplo, Pedro Alves fez o estudo prévio em laboratórios de Portugal e Alemanha, enviou uma amostra ao Museu Victoria (Austrália) e outra ao Museu de História Natural de Oslo (Noruega) para caraterizar com o rigor exigido para ser aprovado pela IMA como nova espécie. A descrição inclui a composição química, estrutura, localidade-tipo, entre outras. O trabalho decorreu de outubro de 2020 a julho de 2021, em plena pandemia. Em situações anteriores, o português recorrera a peritos do Museu Nacional da República Checa ou do Museu de História Natural de Los Angeles, neste caso Anthony Kampf, recordista de submissões de novas espécies à IMA.
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