Mais dificuldade nos pitches por ser mulher
Como correu a sua entrada no mercado de trabalho? Que desafios enfrentou?
O meu primeiro emprego foi como consultora na Ernst & Young. Tive a sorte de ter na liderança duas mulheres fortes, fantásticas líderes femininas, que me inspiraram no crescimento, ambição e coragem. Sendo uma mulher jovem, muitas vezes quase a única nos projetos, foi essa inspiração que me ajudou a enfrentar um mundo tão dominado por homens.
Dois anos após a conclusão do curso fundou a sua primeira empresa na área tecnológica. Tinha apenas 24 anos. Como correu?
Foi uma grande aprendizagem. Éramos três sócios, todos jovens, cheios de garra e de ideias! Foram anos de muito trabalho e de crescimento a todos os níveis. A CentralBiz apareceu no período pré-bolha e conseguiu crescer rapidamente, tornando-se um dos prestadores de serviços mais relevantes no mundo da Microsoft. Incorporámos quatro anos mais tarde o Grupo Ace, à época o braço tecnológico da EDP.
E como surgiu mais tarde a BindTuning?
É uma grande história! Depois da UMinho, fiz uma pós-graduação no IADE em Comunicação e Design e em 2005, combinando as minhas skills técnicas e de design, criei uma empresa de consultoria web para PMEs chamada Bind. Em 2008, sofri um acidente de bicicleta e estive em recuperação alguns meses. Logo no início, para distração, criei um web theme (modelo de site) e coloquei-o à venda num marketplace. Após uma semana já era o best-seller! Publiquei outro e cheguei de novo ao topo. Percebi que tinha nas mãos uma oportunidade de negócio. Os três anos seguintes foram de investimento na área dos temas web e dessa experiência surgiu a ideia de um configurador web, que foi a base do produto. A BindTuning foi lançada em 2011 e até hoje mantenho-me como CEO. Com mais de 100 parceiros e 200 mil utilizadores finais no mundo, somos líderes no desenvolvimento de software para o espaço de trabalho digital e especializados na transformação da intranet em espaços de trabalho modernos, colaborativos e inteligentes que potenciem a experiência do colaborador.
Assumir a liderança de uma área tradicionalmente dominada por colegas do sexo masculino levantou algumas dificuldades?
Não posso dizer que tenha tido, ao longo dos anos, alguma situação desconfortável, mas foi sem dúvida mais difícil. A BindTuning posicionou-se sempre no mercado internacional, principalmente em países de língua inglesa, e foi preciso conquistar o reconhecimento dos meus pares. Senti mais dificuldade nos pitches a investidores, principalmente há 10 anos. De um homem empreendedor esperavam risco e crescimento. Perante uma mulher eram mais paternalistas e conservadores. Penso que isto está a mudar.
|