Um espírito inquietamente prático
Onde se encaixa a lecionação nesse seu sentido prático?
Gosto imenso de dar aulas, com níveis completamente diferentes e abordagens na licenciatura, no mestrado ou no doutoramento. O ensino da Macroeconomia é muito estimulante dado que podemos motivar facilmente os estudantes com os temas do dia a dia – o crescimento económico, o desemprego, o défice orçamental ou a inflação (de volta ao debate público) preenchem um espaço muito importante nos media. Mas também no ensino tem que haver sempre a preocupação do rigor e de transmitir aos alunos a importância de fundamentarem as suas análises com dados e de discutirem os problemas económicos com base nas teorias e nos modelos analisados.
Estas devem ser competências distintivas dos diplomados do ensino superior?
Sem dúvida. Penso também que não se pode ser um bom professor se não se for um bom investigador. O professor universitário tem de acompanhar a evolução da ciência. Por exemplo, eu leciono Macroeconomia há mais de 20 anos. Neste período registaram-se grandes mudanças, com eventos como a crise financeira internacional ou o aparecimento das criptomoedas. Isso obriga-nos a trazer essas alterações, esses casos e as suas implicações para dentro da sala de aula, refletindo-os nos objetivos e conteúdos.
Definitivamente, não se vê daqui a 10 anos ao leme de uma empresa?
Sinto-me muito bem aqui na UMinho. É a minha casa. É o sítio onde passo mais horas. A agenda de investigação que tenho com o meu colega Miguel Portela vai ocupar-me nos próximos anos. Depois, com a maturidade que tenho hoje, consigo articular trabalho de investigação e a relação com entidades externas (governamentais, privadas...) que trazem outros prismas muito úteis para a investigação que fazemos, por exemplo, na área da produtividade e que não teria acontecido se só lêssemos papers e não tivéssemos uma forte interação com o contexto empresarial e com decisores políticos. O meu espaço de atuação privilegiado será sempre a academia, onde penso que posso dar o maior contributo e gerar mais impacto, sempre com uma intensa interação com a sociedade.
O que significa para si o Prémio de Mérito Científico da sua universidade?
Quando soube, fiquei muito feliz! Os meus colegas que o receberam nas anteriores edições são investigadores de altíssima qualidade. Por outro lado, é a validação pela minha instituição do meu trabalho – e volto a realçar que é o trabalho de toda uma equipa, onde o Miguel Portela é um parceiro fundamental que está comigo desde a primeira hora – que motiva e nos dá confiança para prosseguirmos este caminho, dando o melhor de nós.
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