Quando começou a trabalhar na Universidade do Minho?
Cheguei em fevereiro de 1987, tinha 22 anos. Comecei a trabalhar sob o regime de aquisição de serviços, como tantos outros nessa altura, na Secção de Contabilidade e a minha tarefa era fazer e organizar todo o arquivo daquela secção. Assim trabalhei durante três meses.
O que sentiu no primeiro dia de trabalho?
Lembro-me de me ter sentido muito nervosa. Estava a iniciar a minha vida profissional e eu não tinha qualquer experiência. Era um mundo totalmente desconhecido. Mas o ambiente e os profissionais que encontrei desde logo me fizeram sentir acolhida e trataram-me bem. Nesses tempos, a Contabilidade contava com pouquíssimos funcionários: a d. Ilda, a d. Olga, a d. Severina, o sr. Antunes, a Isabel Rocha e a responsável do serviço, a d. Natália. Isso ajudou a sentir-me bem!
Como foi o seu percurso desde então pela UMinho?
Meses mais tarde, o Serviço de Reprografia e Publicações, que funcionava no Largo do Paço, mudou-se para a Rua do Castelo, nas antigas instalações da Escola Comercial Alberto Sampaio. Este Serviço fornecia toda a Universidade no que diz respeito a separadores, encadernações e etiquetas, para a organização documental, restauração de livros, fornecimento dos
Diários da República, envelopes e outros materiais personalizados, documentos de suporte às emissões de despesas... Para além destes serviços, eram impressos também cartões de visita,
posters científicos e de outro tipo, revistas, como a
Revista Forum ou o
Boletim da UMinho, teses de doutoramento e teses de mestrado. Tendo em conta o serviço alargado que se prestava, foram abertos concursos para várias categorias/funções, nomeadamente, fotógrafo, encadernador, compositor gráfico e impressores. Candidatei-me para a vaga de compositora gráfica e fiquei.
Que funções lhe estavam destinadas?
Relacionavam-se essencialmente com a reprodução de textos numa máquina de fotocomposição, a
Varityper, que depois de serem revelados em suportes fotográficos, películas, seguiam para o setor de fotografia e só depois impressos em papel. Adorava desenvolver este trabalho e dividi-lo com os colegas - a d. Cecília Ferreira, a d. Alice Marquês e o sr. Simões - tornava-o ainda mais agradável. Não era monótono e podíamos ser criativos! Satisfazia-nos e orgulhávamo-nos quando uma obra ficava pronta, depois de páginas e páginas de texto batido e de todos os processos que se seguiam: fotografia, impressão e encadernação.
Os anos foram passando e com eles veio a modernização.
Alguns anos mais tarde começaram a aparecer os primeiros
Mac's, depois os computadores pessoais (PC’s), os
scanners e, pela sua funcionalidade, substituíram a fotocomposição. Com esta evolução, passei para a secretaria do serviço, exercendo funções de receção e expedição do correio, atendimento ao público, elaboração de procedimentos concursais para aquisição de bens e serviços, contabilização dos gastos das unidades, apresentação do Relatório Anual, apoio na encadernação e alceamento de livros e, ainda, apoio no setor de fotocópias.
Duas décadas depois, começou a falar-se da extinção do serviço.
Sim, em 2010, o Serviço de Reprografia e Publicações foi extinto. Tal como o sr. Alfredo Barbosa tinha dito em novembro, na sua
entrevista ao NÓS, todos os funcionários tiveram a possibilidade de indicar outros locais e postos de trabalho onde gostassem de prosseguir a carreira profissional. A escolha foi de encontro às funções em que tinham experiência, ou similares; outros, porque já estavam em situação que o permitia, preferiram a aposentação.
A sua escolha recaiu logo sobre a Direção Financeira e Patrimonial (DFP)?
Confesso que não escolhi de imediato a DFP. Apesar de ser um serviço que já conhecia, assim como algumas pessoas que nele trabalhavam, sempre me intimidou um pouco. Optei pelo Gabinete de Apoio ao Estudante com Deficiência (GAED), mas, ao fim de dois dias, pedi para voltar a mudar. O GAED era um gabinete pequeno, com poucos elementos e não me adaptei bem. Estava habituada a interagir com muita gente e a minha forma de ser extrovertida e comunicativa ‘precisava’ de mais interação e agitação no dia a dia.
Que funções desempenha atualmente na DFP?
Trabalho na digitalização de documentos e na elaboração de resumos de despesa de várias unidades orgânicas da UMinho, nomeadamente, as Escolas de
Arquitetura, de
Direito, de
Economia e Gestão e Superior de
Enfermagem, os
Serviços de Documentação e os Institutos de
Ciências Sociais e de
Educação. Também apoio na receção e distribuição do correio, atendimento telefónico, interno e externo, e, ainda, sempre que necessário, na emissão de ordens de pagamento.
Qual foi o momento que mais a marcou ao longo do seu percurso profissional?
Foi o último dia de trabalho no Serviço de Reprografia e Publicações! Saí pela porta com a certeza que nada voltaria a ser como antes. Fecharam-se 22 anos de trabalho num local que me realizou pessoal e profissionalmente, onde me senti feliz. Separei-me de 10 colegas que, tal como eu, se sentiam inseguros quanto ao futuro. A mudança nem sempre é fácil, principalmente, quando se tem a experiência de um ambiente de trabalho muito bom e não se sabe o que virá a seguir.
Passados 30 anos, o que é que, no seu entender, trouxe à UMinho?
Penso que trouxe a minha vontade fazer mais e melhor, a disponibilidade de estar presente quando é necessário, de cumprir os prazos, de ajudar os colegas e de responder a todas as solicitações. Faço-o sempre com a boa disposição que me caracteriza!
Que significado tem a medalha que hoje recebe e que marca os 30 anos ao serviço da função pública e da UMinho?
Parecia tão distante e chegou! Significa que venci as dificuldades, que ultrapassei os percalços que foram aparecendo e os dias menos bons. Significa a satisfação por ter tido a oportunidade de terem confiado em mim e nas minhas capacidades, há 30 anos. Foram anos de aprendizagem e de experiências gratificantes, mas também foram anos de muito trabalho e dedicação.
O que acha que ainda falta acontecer na sua carreira profissional?
Parece-me que falta reconhecimento. A DFP é um serviço denso e complexo. As funções que exerço, a par dos outros colegas, estão sujeitas a uma carga enorme de stresse e pressão e exigem muita concentração. Estas características não passam para fora. Há quem julgue que "só carregamos em botões"…