Obras sobre arte e tecnologia a não perder

22-12-2023

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Dez escolhas de Luís Fernandes, professor de Media Arts do Instituto de Ciências Sociais da UMinho, além de diretor artístico do gnration, do Theatro Circo, da bienal INDEX e ainda músico.




Após as dez sugestões natalícias de livros por Maria do Carmo Mendes Ribeiro, de músicas por Ângelo Martingo, de filmes por Martin Dale, de séries televisivas por Xaquín Núnez-Sabarís, de peças teatrais por Francesca Rayner e de obras artísticas de Carla Cruz, é a vez de Luis Fernandes nos propor duas mãos cheias de obras de media art.


01 | E.A.T. (Experiments in Art and Technology) - Island Eye Island Ear (1973)
Coletivo multidisciplinar determinante na exploração da relação entre arte e tecnologia. Nesta obra, um misto de concerto, instalação e performance, David Tudor, Fujiko Nakaya, Jacqueline Matisse e Margaretha Asberg investigaram as dimensões visuais, sonoras e topográficas de uma ilha, num exercício artístico absolutamente fraturante.
 
02 | Nam June Paik - TV Garden (1974)
TV Garden demonstra a  capacidade de Paik em estabelecer um novo discurso estético a partir de elementos tecnológicos. Entrar na peça é experienciar uma estranha fusão entre o natural e o maquínico.
 
03 | Pedro Tudela / Miguel Carvalhais - A/B (2017)
Figuras essenciais da arte e tecnologia em Portugal, Pedro Tudela e Miguel Carvalhais exploram em A/B o diálogo entre dois espaços físicos contíguos através de som e elementos materiais, convidando os visitantes a estabelecer uma relação particular com a peça.
 
04 | Phill Niblock - The Movement of People Working (1973-1985)
The Movement of People Working é o título da longa série de filmes realizados por Phill Niblock entre 1973 e 1985 em zonas rurais de países de todo o mundo, incluindo Portugal. Através de enquadramentos simples e de uma montagem minimal, os filmes anunciam as contradições e os paradoxos da globalização.
 
05 | Total Refusal - Hardly Working (2021)
Hardly Working baseia-se em personagens que normalmente estão em segundo plano nos vídeojogos: os NPCs. Com precisão etnográfica, o filme observa o seu trabalho quotidiano: um ritmo composto por loops que os faz trabalhar diariamente e sem descanso. Nos momentos em que o algoritmo da sua existência mostra inconsistências, os NPCs rompem com a lógica da normalidade, mostram a sua própria falha e parecem surpreendentemente humanos.
 
06 | Lawrence Abu Hamdan - Saydnaya (The Missing 19dB) (2017)
Vencedor do Turner Prize e desenvolvido em parceria com a Amnistia Internacional, este trabalho consiste numa investigação acústica da prisão de Saydnaya na Síria, onde mais de 35.000 pessoas foram executadas desde os protestos contra o regime de Assad em 2011.
 
07 | Forensic Architecture - The Nebelivka Hypothesis (2023)
Comissariado para a Bienal de Veneza de Arquitetura de 2023, este trabalho explora o conceito de cidade e urbanismo através da investigação sobre um local arqueológico ucraniano com 6000 anos. Combinando a arqueologia com sofisticadas ferramentas tecnológicas, o projeto apresenta provas que questionam a ideia do Estado como pilar da história da civilização humana.
 
08 | Richard Mosse - The Enclave (2013)
The Enclave é uma instalação de vídeo multicanal, desorientadora e caleidoscópica, que se baseia no conflito (à altura) em curso no Congo Oriental. Misto de fotojornalismo, vídeo arte e cinema expandido, esta peça é uma demonstração impressionante da capacidade das práticas artísticas em se constituírem como pontes para percepcionar outras realidades.
 
09 | Joana Moll - The Hidden Life of an Amazon User (2019)
Coloca à tona o abuso e aproveitamento, muitas vezes desconhecido, que a Amazon exerce sobre os seus utilizadores. A peça inclui vídeo, um livro de Jeff Bezos e 8724 páginas de código que rastreiam o comportamento e a experiência do utilizador, e que são involuntariamente carregadas pelo cliente através do browser, prova da estratégia extractiva da Amazon.
  
10 | Anna Ridler - Mosaic Virus (2019)
O título desta peça pede emprestado o nome à doença que cria riscas nas pétalas das tulipas, criando uma flor lindíssima de duas ou mais cores. Em Mosaic Virus é a Bitcoin que se comporta como o vírus. Uma inteligência artificial analisa a flutuação de preço da criptomoeda para controlar a aparência da flor. Quando o preço sobe, as tulipas que são geradas têm mais riscas e quando desce as flores são criadas com uma única cor.